08 août 2007

Timor-Leste: "É imperativo reflectir sobre a crise" de 2006

Xanana Gusmão não esquece a crise de 2006 no país

O novo primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, passou hoje em revista a crise de 2006 no seu discurso de posse, defendendo as recomendações do relatório independente sobre os acontecimentos de há um ano.

Xanana Gusmão recordou também que o extenso relatório sobre a ocupação indonésia feito pela Comissão de Acolhimento Verdade e Reconciliação (CAVR), "Chega!", "precisa de ser bem digerido".

"É imperativo reflectir sobre estes acontecimentos, apurar responsabilidades e resolver os estigmas da crise", declarou o novo primeiro-ministro na posse do IV Governo Constitucional.

"Parece-me óbvio prosseguir com as recomendações do relatório da Comissão Especial Independente de Inquérito [das Nações Unidas], para que o povo entenda o que aconteceu e para que deixem de pairar desconfianças entre os timorenses", acrescentou Xanana Gusmão.

"No ano passado, fomos todos intervenientes e espectadores da história de violência, que continua como um pesadelo pelo nosso passado longínquo e recente", considerou o chefe de Governo, que foi Presidente da República até 20 de Maio deste ano.

"Assistimos decepcionados ao reabrir de feridas que afinal não tinham sido cicatrizadas e ao desabrochar de novas mais profundas", disse.

"Viveu-se um clima político difícil, onde a tolerância deu lugar à corrosão social, a harmonia rendeu-se à violência, onde a paz de espírito cedeu às tentativas de corrupção de mentalidades, onde a dignidade humana ficou sujeita a manipulações políticas, intimidações e ameaças", recordou o ex-chefe de Estado timorense.

"Essa experiência comum ajuda-nos a perceber de onde viemos, a conhecer o que somos, e por isso não podemos ignorar os ensinamentos do passado para compreender as crises na actualidade e, sobretudo, para precaver as futuras", afirmou.

Segundo Xanana Gusmão, "o desejo maior do nosso povo é viver em sossego, livre de perseguições políticas, livre de insegurança quanto à sua vida, livre da ameaça ou violação dos direitos humanos",

"O povo de Timor-Leste quer viver em paz, sem tiros, sem guerra, seja entre timorenses seja com qualquer outro povo", considerou ainda o primeiro-ministro.

O longo discurso de posse de Xanana Gusmão terminou com uma declaração de "não à violência, viva Timor-Leste".

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