Jornal Nacional Semanário - 12 de Agosto de 2007
O Presidente da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN), Francisco Guterres “Lú-Olo”, na sua intervenção na reunião alargada do Comité Central do partido, afirmou que foi tomada uma decisão, pela qual a FRETILIN deseja regressar à base para reunificar os seus parceiros das antigas Frentes Armada e Clandestina, com o objectivo de reforçar o mesmo partido.
Francisco Guterres “Lú-Olo” fez estas declarações em conferência de imprensa aos jornalistas após ter terminado a reunião alargada do Comité Central da FRETILIN (CCF), em Delta Nova, na semana passada :
«Através desta reunião, queremos regressar à base e reunificar os nossos compatriotas. Continuamos a honrar os que faleceram. Há sobreviventes da ex-Frente Armada que neste momento estão na vida política e outros que, como militares, não podem estar envolvidos na vida política; outros há ainda, da ex-Frente Clandestina. Onde quer que estejam, continuaremos a procurá-los e a reunificá-los na grande família da FRETILIN, por termos sofrido e chorado juntos, nos tempos da resistência», explica Lú-Olo.
Segundo Lú-Olo, para realizar essa iniciativa, através da reunião alargada do CCF, a FRETILIN convidou também parceiros como Victor da Costa, membro do Grupo FRETILIN Mudança, Midar, entre outros:
«Este encontro teve ainda a participação do representante do CPD-RDTL, Egas da Costa, do Secretário-Geral da UNDERTIM, Sr. Cristiano da Costa, da Vice-Presidente do PNT, Aliança de Araújo (em representação do Presidente do PNT), do Secretário-Geral do PDRT, Osório Mau Leki, do representante da ASDT, Feliciano Fátima Alves, entre outros», explicou.
O Presidente do partido histórico informou ainda que no encontro alargado do CCF a FRETILIN marcou bem a sua posição relativamente à formação do novo Governo. Se o Presidente da República convidar o segundo partido, o Conselho Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), e os seus aliados para formar Governo, a FRETILIN considerará esse Governo como inconstitucional, porque não abonará a favor dos valores da democracia, expressos pelo povo na eleição do passado dia 30 de Junho.
Portanto, na reunião alargada do CCF, ficou assim prevista a troca de ideias e a análise da situação política enfrentada pelo povo e pela FRETILIN, com a delineação de um caminho justo para avançar:
«Pensamos que os quadros, militantes e simpatizantes e todo o povo têm grandes expectativas para enfrentar tudo o que poderá surgir no nosso País. A FRETILIN desde já tem falado ao povo sobre a sua convicção firme de estabelecer a paz e a estabilidade para o povo, para que o povo possa viver a paz no seu País, segundo os princípios da FRETILIN, que se baseiam na tolerância. Mas “tolerância” não significa ter paciência ou ficar calado no lugar. Tolerância, neste caso, significa uma acção para avançar. Não significa também que já não há tolerância para avançar e deve ser feita outra coisa», declarou Lú-Olo.
Segundo o dirigente, a FRETILIN mantém o seu princípio, que é o de reforçar a paz e a estabilidade na jovem nação de Timor-Leste:
«Através deste princípio desejamos afirmar que no anúncio do resultado das eleições, este mesmo resultado foi validado pelo Tribunal de Recurso reconhecendo apenas a Aliança Democrática (AD), constituída pelos partidos KOTA e PPT, a coligação ASDT/PSD, e os partidos CNRT, FRETILIN, PUN, UNDERTIM e PD, não a AMP. Este foi o resultado registado no Tribunal. Entre todos os partidos, a AD e a coligação, a FRETILIN obteve a maioria dos votos. Do resultado da eleição a FRETILIN obteve 21 cadeiras e foi assim juridicamente legitimada para formar Governo. Porém, tudo se tornou numa confusão com a existência da AMP, que após a eleição transformou a FRETILIN numa minoria», esclareceu o Presidente do partido.
O ex-Presidente do Parlamento Nacional adiantou ainda que na reunião alargada do CCF foi discutida a situação dos 21 deputados da FRETILIN e dos deputados da AD que durante dois dias se retiraram do Parlamento Nacional, analisando se os deputados das duas bancadas deverão ser permanentemente retirados do Parlamento ou se deverão regressar a este Órgão:
«Ouvimos opiniões sem tomar decisões. Vamos marcar novamente uma reunião da Comissão Política Nacional (CPN) da FRETILIN, onde deverá ser tomada uma decisão sobre o assunto», salientou.
Lú-Olo informou também que durante a reunião do CCF foram discutidos outros assuntos, como a criação de uma Comissão de Estudos de Definição de Estratégia Política da FRETILIN e a formação dos quadros, no futuro.
Além dos nomes já referidos, este encontro contou também com a presença do Presidente do PDC, António Ximenes, como porta-voz da LDP, e de vários membros da Frente Clandestina, Frente Armada, etc.
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