31 juillet 2007

Timor-Leste: Mais preconceitos anti-FRETILIN nos media Australianos

Quarta-feira, Agosto 01, 2007


(Tradução da Margarida)
Fretilin – Comunicado de Imprensa - 31 Julho 2007

A FRETILIN negou hoje ter sido responsável pelo recente protesto contra o Primeiro-Ministro Australiano John Howard em Timor-Leste, e criticou sectores dos media Australianos por continuarem deliberadamente a relatarem de maneira imprópria eventos em Timor-Leste.

O website da estatal Australian Broadcasting Corporation em 26 de Julho relatou que “manifestantes da Fretilin empunhavam faixas anti-Australianas” no aeroporto de Dili nesse dia.

Contudo o deputado da Fretilin José Teixeira disse hoje que o protesto “foi uma acção espontânea de cidadãos Timorenses não ligados à Fretilin.

“A reportagem da ABC é a continuação de relatos preconceituosos e imprecisos de eventos em Timor-Leste que tentam mostrar a FRETILIN de forma negativa,” disse Teixeira.

“A ABC sabe perfeitamente que a FRETILIN nomeou porta-vozes que falam Inglês para fazerem a ligação com os media e lidou recentemente com eles em várias ocasiões. A ABC devia ter actuado profissionalmente e contactado connosco antes de ter feito o relato, sem qualquer evidência, que os manifestantes no aeroporto eram membros da Fretilin.”

Lido em http://timor-online.blogspot.com/

Ramos-Horta anuncia quarta-feira escolhas para novo governo

IV Governo Constitucional timorense é conhecido quarta-feira

O Presidente da República de Timor-Leste anuncia quarta-feira a sua escolha para a formação do novo executivo, à falta de acordo conhecido entre Fretilin e oposição sobre um governo de "grande inclusão".

José Ramos-Horta repetiu, na semana passada, que tomaria uma decisão sobre o IV Governo Constitucional a 1 de Agosto, após a primeira sessão do novo parlamento, que aconteceu a 30 de Julho.

Após três cimeiras de líderes políticos sob iniciativa do Presidente da República e de quase um mês de auscultações com diferentes sectores da sociedade timorense, José Ramos-Horta não conseguiu a "solução inclusiva" de governação que propôs aos partidos.

O chefe de Estado pretendia uma governação de consenso segundo um programa para, pelo menos, dois anos.

A Fretilin, que venceu as eleições de 30 de Junho sem maioria absoluta, reclama o direito de formar governo como partido mais votado.

Em alternativa, a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) apresenta uma plataforma dos quatro maiores partidos da oposição, com o apoio não formalizado de um quinto partido, como "garantia de estabilidade".

Um primeiro teste aos equilíbrios do novo parlamento aconteceu na segunda-feira, com a eleição para presidente da assembleia de Fernando "La Sama" de Araújo, presidente do Partido Democrático (PD) e um dos líderes da AMP.

O líder do PD conseguiu uma vitória expressiva de 41 votos contra os 24 obtidos pelo candidato da Fretilin, Aniceto Guterres, num parlamento de 65 assentos.

© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
2007-07-31 19:21:18

Carta aos Amigos Timorenses

Liège (Bélgica), 31 de Agosto de 2007


Caros Amigos Timorenses


Estou mesmo muito inquieto do que se pode passar amanhã em Timor-Leste quando o Presidente Ramos-Horta anunciar o novo governo.

A calma aparente é algo muito estranho, sobretudo depois das eleições para o Parlamento Nacional onde tudo se passou bem para a presidência mas o mesmo não sucedeu para as vice-presidências, sobretudo numa democracia nascente, não seria de eleger um dos vice-presidentes da minoria parlamentar que até representa o partido mais votado?

Será que a coligação vai mesmo durar os cinco anos com independentistas, colaboradores dos ocupantes indonésios e pró-australianos no mesmo saco? Lembro o que disse o Bispo de Baucau: "A Coligação é um vidro brilhante mas que se pode partir"!

Lembro também o que o antigo comandante das Forças de Estabilização Internacionais, o brigadeiro-general australiano Mal Rerden, disse à agência Lusa no dia 27 de Julho ter aprendido nos onze meses que passou em Timor-Leste:
"em primeiro lugar, a resiliência dos timorenses".
"É gente muito, muito dura, com uma grande capacidade de resistência, em circunstâncias diferentes, tanto física como psicologicamente".
"A segunda coisa é a adaptabilidade dos timorenses, a sua versatilidade. Perante uma dada situação, conseguem encontrar uma maneira de contornar, ou passar por cima, ou lidar com uma situação em que a maior parte das pessoas ficaria bloqueada".
"Mesmo no sentido político, são muito flexíveis ".

Esperemos que o povo seja mais inteligente do que os políticos têm demonstrado ser, sobretudo agora que a polícia da ONU não pode utilizar balas de borracha...
Espero sobretudo que me engane e que tudo se passe bem, francamente o Povo Timorense não merece mais violências nem mais humilhações com ainda mais tropas estrangeiras no país.


Um grande abraço fraterno



Fernando Cabrita Moreira/Entre Cais

Comunicado da UNMIT polícia da ONU em Timor-Leste

Esta é uma emissão da para lhe dar informação sobre a situação da segurança no país.

Terça-feira, 31 Julho de 2007

A situação da segurança no país tem estado no geral calma.

Hoje, no distrito de Dili, foi requerida a presença da UNPol para dois incidentes que envolveram o atirar de pedras. O primeiro incidente foi um relato não confirmado que indicava que um grupo estava a atirar pedras a veículos do governo que passavam pela Estrada de Comoro. Mais tarde, a UNPol respondeu a outro relato de atirar de pedras na vizinhança do supermercado Landmark. Quando a UNPol chegou a ambos os locais, não havia nenhuma dessas actividades. Contudo, foi relatado que um veículo da ONU fora apedrejado na vizinhança do segundo incidente. Não foi ainda divulgado a extensão dos estragos no veículo.

A UNPol, a PNTL e a ISF estão a trabalhar juntas para dar segurança ao povo de Timor-Leste. O Plano de Segurança da UNPol para as Eleições está correntemente na Fase Quatro, a fase pós-eleitoral. A UNPol, a PNTL e as Unidades de Polícia Formadas mantêm-se destacadas e em alerta para quaisquer confrontos pós-eleitoral ou caravanas de vitória. As Forças Internacionais de Estabilização estão também em alerta, prontas para serem destacadas a pedido.

A polícia gostaria de lembrar ao povo de Timor-Leste que precisam de ter licenças de condução válidas antes de poderem guiar nas estradas. Todos os veículos devem ter também à mostra as matrículas de licença válidas. Estas medidas estão em efeito para garantir a segurança rodoviária.

A polícia aconselha a evitar viajar durante a noite para as áreas mais afectadas. Por favor relate qualquer actividade suspeita. Chame o 112 ou 7230365 para contactar a polícia 24 horas por dia, sete dias por semana.

Lido no http://aquietimorlestenumeroum.blogspot.com/

Timor-Leste: Parlamento escolhe vice-presidentes

O parlamento timorense elegeu hoje os vice-presidentes, ambos da Aliança para Maioria Parlamentar (AMP), um dia depois da escolha do presidente, Fernando "La Sama" de Araújo, a segunda figura na hierarquia do Estado.

Os deputados Vicente da Silva Guterres, do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), e Maria da Paixão de Jesus da Costa, da coligação Associação Social Democrática Timorense e Partido Social Democrata (ASDT/PSD), foram eleitos para as duas vice-presidências do parlamento.

Maria Terezinha da Silva Viegas, do CNRT, foi escolhida para secretária da mesa da assembleia.

Como vice-secretárias foram eleitas Maria da Costa Exposto (ASDT/PSD) e Teresa Maria de Carvalho, do Partido Democrático (PD), o terceiro partido da AMP.

A escolha dos vice-presidentes acontece também na véspera da data em que o Presidente da República, José Ramos-Horta, prometeu anunciar quem vai convidar para formar o IV Governo Constitucional de Timor-Leste.

A Fretilin, que venceu as eleições de 30 de Junho sem maioria absoluta, e a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP), que agrupa o CNRT, a ASDT/PSD e o PD, conseguindo assim a maioria dos deputados, disputam o direito de serem chamadas a formar governo, cujo mandato é de cinco anos.

© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Timor-Leste: La Sama no Parlamento

Quando o ano de 2007 entrar no mês de Agosto, Timor tem de formar um Governo. O limite foi estabelecido pelo Presidente Ramos Horta. Restam por isso poucas horas aos 65 deputados eleitos para provar que Timor-Leste merece a esperança mundial naquela que foi considerada a primeira democracia a constituir-se no século XXI.

Desentendimentos no novo Parlamento timorenseDeputados não chegaram a consenso sobre a formação do novo governoO primeiro dia de trabalho do novo parlamento timorense ficou marcado pela violência nas ruas. Os deputados não chegaram a acordo sobre a constituição do futuro governo do país.

*****
Os factos contradizem as expectativas. Poucos minutos depois de os deputados assumirem funções em total desentendimento, no exterior do edifício a falta de acordo político reflectiu-se na violência social.

Nas eleições de Junho nenhum partido conseguiu maioria. A FRETILIN foi a força mais votada e tem 21 deputados. O CNRT de Xanana Gusmão prefere aliar os seus 18 lugares aos 11 dos social-democratas. Mas é impensável um governo em funções sem o partido mais votado.

“O primeiro passo é estabelecer um bom relacionamento entre todos os membros do Parlamento neste edifício. Quero que eles e este Parlamento sejam um espelho da situação política de modo a convencer o nosso povo de que a política não é andarmos à luta uns contra os outros nem atirarmos pedras, mas sim debater os problemas”, lembrou o presidente do Parlamento.

Se os deputados não entenderem estas palavras de Fernando Araújo, Ramos Horta promete seguir os princípios constitucionais e nomear unilateralmente um governo.

Lido no http://aquietimorlestenumeroum.blogspot.com/

TIMOR-LESTE: CONSELHO DE MINISTROS APROVA CRIAÇÃO DO PARQUE NACIONAL NINO KONIS SANTANA

Gabinete do primeiro-ministro

Informação à Comunicação Social

esta ZONA NATURAL PROTEGIDA FICA na ponta leste e os seus 68.000 hectares em terra e 55.000 no mar visam preservar um património nacional muito rico

Dili, 30 de Julho de 2007 – O Conselho de Ministros de Timor-Leste aprovou na sua reunião de 6ªfeira, 27 de Julho, o estabelecimento do Parque Nacional Nino Konis Satana que se constitui como o primeiro de uma Rede Nacional de protecção da natureza.

Timor-Leste tem uma elevada prioridade, internacionalmente reconhecida, no âmbito da conservação da biodiversidade marinha e terrestre. O seu território integra a região de “Wallacea”, localizada no chamado “Triângulo de Coral”, muito rica pela variedade e pela singularidade da sua flora e fauna.

O Parque Natural Nino Konis Santana, integrando as vertentes terrestre e marinha, está a ser desenvolvido no terreno em ampla consulta e colaboração estreita com as comunidades que nele vivem.

O governo de Timor-Leste tem adoptado uma abordagem moderna da gestão ambiental, privilegiando a acção conjunta do governo e das comunidades locais, com envolvimento de parceiros da sociedade civil.

A estratégia de desenvolvimento e consolidação da protecção da área do novo Parque Nacional visa assegurar equidade na distribuição dos benefícios ambientais entre as comunidades locais, a protecção da biodiversidade própria da área, a conservação e gestão dos aquíferos e o reconhecimento da propriedade tradicional e da sua utilização pelas comunidades residentes na área do Parque.

O Parque Nacional Nino Konis Santana cumpre os requisitos de parque internacionalmente reconhecido pelo IUCN (Paisagem protegida, Categoria V) em que as interacções culturais locais com a natureza são mantidas, conciliando a protecção ambiental com a extracção sustentável de recursos e meios de vida pelas comunidades locais.

O Parque Nacional Nino Konis Santana visa preservar um muito rico e variado património natural, cultural e histórico e integra a totalidade da ponta leste de Timor-Leste, com aproximadamente 68 mil hectares de terreno e mais de 55 mil de área marítima, num total de 123.600 hectares.

A área do Parque inclui um amplo leque de paisagens terrestres e marinhas, incluindo extensos recifes de coral, além da maior área sobrevivente de terras alagadas tropicais e de floresta tropical de monção naquela zona.

O novo parque é baptizado com o nome do falecido herói nacional da resistência e antigo comandante das Falintil, Nino Konis Santana, natural de Tutuala, uma emblemática vila do distrito de Láutem integrada na área do Parque.

Edos sta zona do país foi um baluartes do movimento de resistência e de luta pela Independência de Timor-Leste, além de constituir historicamente um símbolo profundo mítico, cultural e histórico para o povo de Timor-Leste.

Habitada continuamente desde há 40 mil anos, a zona da ponta leste que o Parque Nacional Nino Konis Santana abrange é muito rica do ponto de vista do património arqueológico, além de incluir locais evocativos da passada presença colonial portuguesa, bem como do período da ocupação japonesa, no decurso da II Guerra Mundial.

Este projecto está a ser desenvolvido em parceria com a organização não governamental BirdLife International, com o apoio do Departamento de Ambiente e Alteração Climática do Governo do Estado Australiano da Nova Gales do Sul.

Líder do Partido Democrático foi eleito presidente do Parlamento de Timor-Leste

Público, 31.07.2007, Jorge Heitor

Tal como Ramos-Horta e Xanana Gusmão, Fernando "Lasama" de Araújo pretende que o país siga linhas diferentes das que o regeram nos primeiros anos

"Lasama" criou o PD em Junho de 2001 e tem vindo a considerar que a participação do povo é essencial para o desenvolvimento a Fernando "Lasama" de Araújo, de 44 anos,líder do Partido Democrático (PD), foi ontem eleito presidente do Parlamento de Timor-Leste, com 41 votos, face aos 24 alcançados pelo candidato da Fretilin, o jurista Aniceto Guterres Lopes.

"Este resultado foi o teste final que faltava para que o Presidente Ramos-Horta convide a Aliança com Maioria Parlamentar (AMP) a formar Governo, ficando Xanana Gus-
mão como primeiro-ministro e o presidente do Partido Social Democrata, Mário Carrascalão, como vice-primeiro-ministro", declarou ao PÚBLICO o secretário-geral da Associação Social Democrata Timorense, Gil da Costa Alves. Ele próprio candidato a um dos dois lugares de vice-presidente do Parlamento, num escrutínio a efectuar hoje.
"É realmente muito difícil não convidar Xanana para procurar constituir Governo, a partir de amanhã", concordou o secretário-geral da associação monárquica KOTA, Manuel Tilman, também ele candidato a uma das vice-presidências da câmara legislativa. Tal como o são Ilda Maria da Conceição, da Fretilin, e Vicente Guterres, do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT).

O secretário-geral adjunto desta última formação, Duarte Nunes, explicou ao PÚBLICO que "Lasama" foi eleito com os 37 votos da AMP (CNRT, PSD, ASDT e PD) mais os três do Partido de Unidade Nacional, de Fernanda Borges, e um dos dois da Unidade Nacional Democrática da Resistência Timorense (Undertim).

Quanto ao candidato derrotado para a presidência do Parlamento, e que viria a ser abraçado pelo vencedor, num gesto de apaziguamento, somou aos 21 votos da Fretilin os dois da Aliança Democrática constituída pelo KOTA e o Partido Popular; e ainda o do segundo deputado da Undertim.

Fernando "Lasama" de Araújo que na década de 1990 conviveu numa prisão de Jacarta com Xanana Gusmão, afirmou-se "emocionado e optimista" por ter passado a ser formalmente a segunda figura do Estado, a seguir ao Presidente da República, agradecendo a confiança nele depositada por todos os que se aliaram para afastar a Fretilin do poder.

Entretanto, novos actos de violência se verificaram na cidade de Díli logo a seguir à escolha do novo presidente do Parlamento. Dezenas de partidários da Fretilin apedrejaram viaturas nas ruas da capital, segundo disse à Reuters o comandante da
polícia, Mateus Fernandes, que ordenou cinco detenções.

Porém, o presidente desse mesmo partido, Francisco Guterres, "Lu-Olo", em Maio vencido por Ramos-Horta na segunda volta das presidenciais, felicitou os deputados que "irão participar na formação do novo Governo, nesta semana ou na próxima".

O novo Parlamento tem menos 33 lugares do que o anterior e foi eleito para uma legislatura de cinco anos, durante a qual se irá procurar ultrapassar a crise política de 2006, acompanhada por uma agitação social que levou dezenas de milhares de pessoas a deixar as suas casas e a ir viver para centros de acolhimento.

30 juillet 2007

Impressões de um novo dia

Das palavras de Fernando de Araújo Lasama, o novo Presidente do Parlamento Nacional, retive o empenho na continuidade das relações “históricas” com Portugal. Gostei. Tanto mais que havia muito quem, de entre os cooperantes portugueses, à boca pequena, falasse do perigo que corriam as relações de Timor com Portugal se houvesse mudança na Nação timorense, com isto dando voz ao receio de ver diminuído a presença portuguesa se os comandos mudassem de mãos. Ilusão, engano, desconhecimento?
Apeteceu-me ir buscar um pedaço de algodão e limpar o ecrã da televisão, com isso tornando a imagem mais nítida. As imagens da RTTL não enganam. É dia de festa – mais uma - da democracia. Mas, o ambiente é de crispação a condizer com o semblante carregado de muitos deputados, alguns deles mastigando furiosamente o que pode ser pastilha elástica...
No momento da certeza de vitória de Lasama irromperam palmas no hemiciclo em honra do eleito. Com 41 votos contra os 24 de Aniceto Guterres, Fernando de Araújo Lasama fez questão de marcar o primeiro acto pós-eleição com um cumprimento, um grande abraço,ao seu adversário.
De comum, entre estes dois homens, o terem feito ambos parte da RENETIL - a organização de resistência formada por estudantes que se batiam pela independência enquanto estudavam na Indonésia -, a mesma postura calma, o ar dialogante, simples, humano.
Palmas, cumprimento, mais palmas e discurso do Presidente eleito. Fernando Lasama apelou ao diálogo, à concórdia entre os deputados e realçou a necessidade de boas relações entre os vários partidos no Parlamento.
E depois de também abraçado Lu Olo e sentado Lasama, o novo Presidente acabadinho de eleger pela maioria dos representantes da Nação, manteve-se o ex-Presidente sentado na mesa da presidência, apenas mudando para o lado esquerdo do eleito. Fiquei na dúvida: seria uma inovação protocolar, seria mesmo essa a exigência do protocolo ou seria antes a força do hábito a dificultar a saída de cena de ex-presidente Lu Olo?
Escusada, esta nodoazinha no comportamento de Francisco Guterres Lu Olo que, nestes cinco anos, pautou o seu mandato com uma atitude bem discreta, em nada transparecendo qualquer fascinação pelas luzes da ribalta!
Talvez fosse apenas mau serviço protocolar, aliás, notório com a indelicadeza de tratamento dado ao Presidente da República pelos “donos da casa” que quase o ignoraram à chegada ao Parlamento, esquecendo-se de que se tratava da primeira figura da Nação…
O protocolo não esteve nada bem e até se esqueceu de organizar os cumprimentos ao Presidente do Parlamento eleito. Depois de muitos longos minutos de desorganização, Fernando Lasama, sozinho, um bocado perdido, lá recebeu, finalmente, os cumprimentos de deputados e convidados.
A sensação que ficou da última sessão da I legislatura e da primeira da II legislatura é que havia alguma relutância dos da I em ceder o lugar de superioridade aos da II… E isso era escusado, especialmente quando andamos a apregoar à boca cheia que a alternância é normal em democracia, bla, bla, bla. Na prática, foi o que se viu.
Em dia de tomada de posse do novo Parlamento, o povo kiik da rua manifesta à RTTL a vontade de que os novos deputados dêem atenção aos seus problemas, que os partidos e os líderes deixem de se digladiar, que precisam de paz para poderem estudar, que o país tem de ser desenvolvido e bem governado…
Entretanto, num almoço de despedida de mulheres parlamentares - por sinal todas da antiga maioria, a da I legislatura -, sugeria uma das que não fora eleita que as da II poderiam contar com a sua ajuda. Aliás, a senhora espera mesmo que lhes peçam ajuda. Ela sabe do que fala pois aprendeu uma coisas e sempre pode dar umas dicas a quem quer que delas precise nas comissões…
E com um dia tão cheio de pequenas-grandes coisas quase acreditei que tudo ia bem na terra de “Timor-Lorosae” como disse alto e sem medo o novo presidente do novo Parlamento.. Engano meu! Ao fim da tarde, jaziam espalhados na rotunda do aeroporto pedregulhos atirados ao carro de um líder político que passava escoltado pela polícia internacional…

Ângela Carrascalão Segunda-feira, Julho 30, 2007

Lassama lembra que Aliança garante maioria

O novo presidente do parlamento de Timor diz que o resultado da eleição mostra que “a Aliança garante a maioria parlamentar”.

Fernando Lassama diz, contudo, não pretender pressionar o presidente Ramos Horta que, entretanto, adiou uma decisão sobre a formação do governo para quarta-feira.

Lassama disse estar “emocionado e optimista”, agradecendo a confiança nele depositada.

O líder da FRETILIN, Maria Alkatiri, aceitou o resultado, comentando, laconicamente que “é com este presidente que teremos de trabalhar”.

Sobre a possibilidade do desfecho levar o Presidente da República a convidar a Aliança a formar governo, Alkatiri diz que Horta “não deve deixar-se influenciar”, limitando-se “a cumprir a Constituição”.

Fernando Lassama sucede a Francisco Guterres, Lu-Olo, na presidência do Parlamento.


Violência após divulgação dos resultados


Depois do anúncio formal dos resultados da eleição aprlamentar, jovens apiantes da FRETILIN concentraram-se junto à sede do aprtido apedrejando, a partir desse ponto, automóveis que circulavam numa das mais movimentadas ruas de Díli.

A Polícia das Nações Unidas foi chamada a intervir, não havendo relato de danos pessoais ou de detenções.

A situação acalmou com o cair da noite em Díli.

Lido no http://aquietimorlestenumeroum.blogspot.com/

Xanana

SOL - 28-07-07
Luís Reto

Quinta, 26 – Xanana Gusmão é seguramente a personagem mais enigmática da saga de libertação do povo de Timor. De herói mítico da resistência armada nas montanhas de Timor passou a ser suspeito de colaboracionismo com as autoridades indonésias.

Apesar de várias vezes ter afirmado que não queria protagonismo político acabou por ser o primeiro Presidente da República de Timor. Afinal, este pretenso distanciamento do poder confirmou mais uma vez a veracidade da afirmação popular "quem desdenha quer comprar" uma vez que Xanana acabou por fundar um novo partido político para disputar o poder à Fretilin.

Do grande factor de união do povo de Timor, Xanana transformou-se hoje no principal obstáculo a um governo de reconstrução nacional.

Razão tinha os antigos gregos. Heróis verdadeiros só jovens e mortos!

Timor-Leste: para ler e meditar

Timor-Leste: o Estado falhando

Diário Económico - 30-07-07
Pedro Rosa Mendes
Delegado da Agência Lusa em Timor

A crise actual em Timor resulta das rivalidades pessoais, insanáveis, de quatro ou cinco homens; é triste que tanto lastro sepulte tanto génio e adie um projecto nacional.

Uma ilha é Sísifo naufragado numa elipse: quanto mais se afasta de um ponto, mais perto está de voltar a esse porto. Este o problema endémico de Timor. Numa geografia virada para dentro, o tempo arrisca-se à sua própria repetição. E a política, por autofagia, faz-se imune à História.

Alguns factos soltos, na semana mais difícil do mandato do Presidente José Ramos-Horta:

1. Em nenhum outro país do mundo as instituições democráticas e a normalidade constitucional estão reféns de um homem com 19 (dezanove) armas automáticas;

2. O major Alfredo Reinado, por uma questão de escala e de capacidade, não é um rebelde, no sentido, por exemplo, em que Jonas Savimbi o foi em Angola, ou que Mokhtada al-Sadr o é no Iraque; Reinado não propõe uma ordem diferente, apenas nunca se adaptou à ordem existente; nesse sentido, é um caso de ordem pública e não um problema de Estado; a confusão entre uma coisa e outra produziu um herói;

3. Um herói, em Timor, é alguém que não morre, porque sempre sobrevive a si próprio; os vivos, aqui, não vivem no seu corpo mas no seu símbolo; Reinado já é imortal - após ter "suicidado" cinco dos seus homens em Same;

4. A nova geração procura heróis da sua idade; os velhos sabem desta ingratidão: a luta alimenta apenas aqueles que a fizeram; os outros pedem pão, paz e emprego;

5. A ossatura de um Estado faz-se de dois pilares: o da segurança e o da justiça; em Timor-Leste, o pilar da segurança ruiu há um ano e ainda convalesce; foi o sistema de justiça que segurou a soberania da jovem nação; é o sistema de justiça que está, agora, a ser bombardeado - pelos órgãos de soberania;

6. Timor-Leste é o país para onde Portugal canaliza mais dinheiro dos seus contribuintes; os sectores estratégicos da Cooperação Portuguesa aqui são a Língua e a justiça; o silêncio português é preocupante e humilhante; exige-se a Lisboa que relacione, depressa, os 'cocktail molotov' lançados contra a GNR no Bairro Pité com a frustração de uma geração integrada, de facto, pelo 'bahasa' indonésio; uma Língua de inclusão é uma aposta de sucesso; uma Língua de exclusão é uma bomba-relógio;

7. "Não devo favores a ninguém", repetiu José Ramos-Horta esta semana; é verdade: nenhum outro político ou partido timorense tem uma legitimidade de 70 por cento do eleitorado desde que, na euforia da independência, Xanana Gusmão foi plebiscitado com mais de 80 por cento dos votos; é surpreendente o receio do Presidente em usar essa legitimidade, agora, sobre aqueles que, `hélas!', a desconseguiram: Xanana Gusmão e Mari Alkatiri;

8. Nenhum outro país lusófono atingiu a independência com um naipe de líderes tão inteligentes, tão honestos e tão carismáticos como Timor-Leste (bispos incluídos); o que eles fizeram disso, porém, demonstra que a soma das partes pode ser muito inferior ao valor individual;

9. As legislativas de há um mês (um mês!) produziram um parlamento mais democrático e equilibrado; a crise actual resulta, apenas, das rivalidades pessoais, insanáveis, de quatro ou cinco homens; é triste que tanto lastro sepulte tanto génio e adie um projecto nacional;

10. Mário Carrascalão, ex-governdador na ocupação, foi o único a sugerir um acto patriótico da geração de '75: "Os novos ao poder" (e eles existem); nada de novo, aliás: aconteceu no próprio PSD com a candidatura presidencial de Lúcia Lobato; aconteceu na Letónia nos anos 90; mas em Timor, o mundo e o passado importam pouco;

11. O país é ingovernável e todos o sabem: a Fretilin tem o poder do bloqueio, a oposição tem o poder da inexperiência;

12. Pior: ambos têm o poder da rua.

Timor: Fernando «La Sama» eleito presidente do Parlamento

Diário Digital / Lusa
30-07-2007 8:25:00

O líder do Partido Democrático, Fernando «La Sama» de Araújo, foi hoje eleito presidente do Parlamento Nacional de Timor-Leste.

Fernando «La Sama» de Araújo foi eleito com 41 votos dos 65 deputados do novo Parlamento, contra 24 votos do deputado da Fretilin Aniceto Guterres.

Xanana na iminência de ser convidado por Horta para formar novo governo de Díli

Público, 30.07.2007
Jorge Heitor*

Tudo se prepara em Timor-Leste, para que na quarta-feira, 1 de Agosto, o Presidente da República, José Ramos-Horta, convide o seu antecessor Xanana Gusmão, agora líder do
CNRT e da Aliança com Maioria Parlamentar (AMP), para formar o IV Go-
verno Constitucional. Isto depois do enorme impasse causado pelo resultado pouco concludente das legislativas de 30 de Junho.

Sem esperar mesmo que o chefe de Estado formalize o convite, um porta-voz da AMP, Cecílio Caminho, avançou já na quarta-feira que o novo executivo deverá ter "cerca de 30 membros, entre ministros e secretários de Estado".

Não pormenorizou, contudo, se haverá um ou mais vice-primeiros--ministros, hipótese que durante as últimas semanas viera a ser aventada, para contentar todas as sensibilidades presentes na nova aliança.

Outra coisa que Caminho disse foi que a proposta da AMP para a presidência do Parlamento é o líder do Partido Democrático (PD), Fernando "Lasama" de Araújo, um dos signatários do pacto pós-eleitoral com o CNRT de Xanana. A par dos dirigentes da Associação Social Democrata Timorense (ASDT), Francisco Xavier do Amaral, e do Partido Social Democrata, Mário Viegas Carrascalão.

A sucessão de "Lu Olo"

Entretanto, a Fretilin, partido mais votado, e que sempre tem insistido em que deveria ser convidada a formar o IV Governo (que sucede aos de Mari Alkatiri, Ramos-Horta e Es-
tanislau da Silva), propôs para a presidência do Parlamento o deputado e jurista Aniceto Longuinhos Guterres Lopes.

A antiga força maioritária, que até hoje detinha a liderança parlamentar, na pessoa de Francisco Guterres, "Lu Olo", perdeu uma parte substancial do seu eleitorado durante este último ano, designadamente devido à criação do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor--Leste (CNRT).

Entretanto, noutro desenvolvimento da situação timorense, Alkatiri criticou a deslocação a Díli, dias antes, do primeiro-ministro australiano, John Howard, considerando que foi efectuada sem aviso prévio ao Governo de Estanislau da Silva ou sequer à embaixada timorense em Camberra.

A presença estrangeira

"Temos aqui um grande contingente militar australiano, a nosso pedido, mas esperamos tomar conta dos nossos assuntos internos o mais rápido possível. Toda a presença estrangeira que começa a perpetuar-se cria alguns pequenos conflitos com a população", disse o secretário-geral da Fretilin ao programa em português da Rádio SBS, da Austrália.

Sobre quem deverá chefiar o próximo Governo, Mari Alkatiri reconheceu que a última palavra cabe de facto a Ramos-Horta, actualmente um independente, mas disse esperar que o Presidente "decida com base na Constituição". Entre os observadores políticos da situação timorense, reina agora a sensação de que nada do que se diga com alguns dias de antecedência é irreversível, podendo sempre haver uma mudança de rumo à última hora.

*Com Adelino Gomes

29 juillet 2007

Dois candidatos disputam o Parlamento até 3ª feira no Timor

Díli, 29 Jul (Lusa) - Dois candidatos disputam a Presidência do Parlamento no Timor Leste. Aniceto Guterres, da Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), e Fernando (La Sama) de Araújo, da Aliança para Maioria Parlamentar (AMP), são os candidatos da escolha que deve ser feita até terça-feira.

A Fretilin venceu as eleições legislativas de 30 de Junho sem maioria absoluta, com 29,02% dos votos válidos, enquanto os quatro maiores partidos da oposição (CNRT, ASDT/PSD e PD) constituíram a chamada AMP.

A escolha de Guterres, aprovada hoje pelo Comitê Central da Fretilin, foi justificada pelo "seu envolvimento na luta de libertação nacional e na defesa consistente e intransigente dos direitos humanos".

Um comunicado da Fretilin, divulgado no início da noite deste domingo em Díli acrescentou "as suas qualidades em termos de clareza de princípios, integridade e capacidades de liderança".

Guterres é membro do Conselho de Estado e co-fundador da organização de Direitos Humanos Yayasan HAK. Foi também membro de uma das principais organizações estudantis, a Renetil, durante a ocupação Indonésia do território timorense.

A Renetil foi liderada por La Sama e foi nas estruturas juvenis e clandestinas da resistência timorense que começou o percurso político do actual presidente do Partido Democrático (PD).

O líder da Renetil, preso pela Indonésia, passou seis anos e quatro meses na cadeia de Cipinang, Jacarta, a mesma onde esteve Xanana Gusmão, ex-presidente do Timor Leste e atual presidente da legenda oposicionista Congresso Nacional de Reconstrução do
Timor Leste (CNRT).

"Foi nos anos de Cipinang que aprendi com Xanana, com outros prisioneiros políticos. A minha formação política vem de Cipinang", afirmou o líder do PD durante a campanha para as eleições presidenciais de 9 de Abril.

La Sama foi o terceiro candidato mais votado na primeira volta, muito próximo de José Ramos Horta, que conseguiu a vitória nas eleições presidenciais.

FRETILIN PROPÕE ANICETO GUTERRES LOPES PARA O CARGO DE PRESIDENTE DO PARLAMENTO NACIONAL

Domingo, Julho 29, 2007

FRENTE REVOLUCIONÁRIA DO TIMOR-LESTE INDEPENDENTE
FRETILÍN

Rua dos Mártires da Pátria, Comoro, Dili, Timor-Leste, e-mail fretilistaccf@yahoo.com, Tel/fax 3317219

COMUNICADO À IMPRENSA
Sábado, 29 de Julho de 2007

A Comisão Política Nacional, órgão político-executivo do Comité Central da FRETILIN, em reunião realizada hoje em Dili, decidiu por unanimidade propôr para o cargo de Presidente do Parlamento Nacional, o deputado eleito da FRETILIN, o jurista Aniceto Guterres Lopes, tendo em conta o seu envolvimento na luta de libertação nacional e consistência na defesa intransigente dos direitos humanos assim como as suas qualidades em termos de clareza de princípios, integridade e capacidade de liderança.

Aniceto Guterres é membro do Conselho de Estado desde 2005, foi Presidente da Comissão de Acolhimento , Verdade e Reconciliação de 2002 -2005 e co-fundador e director do ONG Yayasan HAK(2002-2003). De 2000 a 2001, foi membro do Conselho Nacional , órgão consultivo da UNTAET. Fundou em 2000, a Associação dos Juristas de Timor-Leste. De 1992 a 1996, foi Secretário da ETADEP, uma organização não governamental dedicada ao desenvolvimento comunitário em Timor-Leste.

Foi membro activo da RENETIL, uma organização estudantil de apoio a Resistência durante o período da ocupação indonésia.

Em 2003, foi galardoado pelo Presidente das Filipinas com o prémio Maqsaysay atribuído a líderes emergentes.

Em reconhecimento das suas qualidades e dedicação ao partido, foi eleito pelo Congresso do partido FRETILIN , realizado em Maio de 2006, para membro da Comissão Nacional da Jurisdição.

Na reunião da Comissão Política Nacional da FRETILIN, foi ainda discutida a questão da formação do IV Governo Constitucional, tendo sido realçada que em termos constitucionais, o Presidente da República deverá convidar a FRETILIN por ter sido o partido mais votado nas eleições de 30 de Junho de 2007.

Entretanto, relativamente à formação do governo, o Secretário Geral da FRETILIN, Dr. Mari Alkatiri, insistiu junto da CPN que não se candidatará ao cargo de Primeiro-Mnistro da RDTL, devendo a mesma propôr um outro candidato, quando a FRETILIN receber convite do Presidente da República.

Participaram também nessa reunião os deputados eleitos da FRETILIN.

28 juillet 2007

Timor-Leste: Austrália não avisa Díli de visita de PM

O invasor...

Diário Digital / Lusa
28-07-2007 16:38:00

O antigo primeiro-ministro de Timor Leste, Mari Alkatiri, declarou este sábado ter sido «apanhado de surpresa» pela recente visita a Díli do chefe do governo australiano, John Howard, que disse ter sido feita sem aviso prévio às autoridades timorenses.

John Howard deslocou-se na quinta-feira a Díli para celebrar o seu 68º aniversário, mas Alkatiri disse em entrevista ao programa em português da Rádio SBS da Austrália que nem o governo timorense, nem a embaixada de Timor Leste em Sidney foram notificados sobre essa viagem.
«Achei que protocolarmente a visita foi mal organizada. Não percebo como é que um país como a Austrália, com muitos anos de existência, com relações bilaterais com muitos países do mundo, cometeu um erro desses», comentou o antigo primeiro-ministro timorense.

No entanto, deixou claro que Timor-Leste não quer que as relações entre os dois países se deteriorem e que o país pretende ter as melhores relações possíveis com a Austrália.

«Temos aqui um grande contingente militar australiano, a nosso pedido, mas esperamos tomar conta dos nossos assuntos internos o mais rápido possível. Toda a presença estrangeira quando começa perpetuar-se cria alguns pequenos conflitos com a população e isso pode influir negativamente nas relações entre os dois países», acrescentou Alkatiri.

Na entrevista à estação de rádio, Alkatiri mostrou-se confiante de que a Fretilin liderará o próximo governo timorense.

«A última decisão caberá ao Presidente da República e esperamos que ele decida com base na Constituição. Ele tem feito consultas a constitucionalistas de quase todo o mundo, cada um com a sua opinião, mas eu não sou apenas um jurista amante do constitucionalismo, eu fiz a Constituição também, portanto tenho o pensamento do legislador, não um legislador abstracto, mas um legislador bem concreto».

Mari Alkatiri acredita que o Presidente José Ramos-Horta não terá alternativa, respeitando a Constituição, senão convidar a Fretilin, como partido mais votado nas eleiçõesde 30 de Junho, para formar o novo governo.

O partido terá então 30 dias para cumprir a tarefa, advertiu o secretário-geral da Fretilin, durante a entrevista à estação de rádio australiana.

«Ele (Ramos-Horta) não pode exigir do partido que forme o governo em três dias», avisou, afirmando não acreditar que os partidos da oposição, mesmo unidos, consigam maioria no parlamento para fazerem passar um governo.

«Maioria ou não, maioria parlamentar é uma questão que só se pode provar nas votações, não em acordos pós-eleitorais feitos pelas diferentes lideranças», defendeu, referindo-se a um acordo assinado pelos partido da oposição.

«O grande teste é a eleição do novo presidente do parlamento, na segunda ou terça-feira, para substituir Francisco Lu-Olo Guterres. Eu não acredito que aqueles que se dizem aliados votarão em bloco no candidato deles», Fernando Lassama de Araújo, presidente do PD.

O candidato da Fretilin à presidência do parlamento é Aniceto Guterres.

Em entrevista à Rádio SBS da Austrália, dois dias antes da abertura do novo parlamento timorense, na segunda-feira, 30 de Julho, o ex-primeiro-ministro de Timor-Leste confirmou que não é candidato ao cargo de primeiro-ministro e deu a entender que a Fretilin tem outro nome para avançar.

«Eu tenho deixado claro que não sou candidato, por isso a comissão política nacional da Fretilin irá decidir em tempo oportuno quem deverá avançar», disse.

Instado a revelar qual o nome do seu partido para primeiro-ministro, Mari Alkatiri disse: «preferimos não criar mais, diríamos assim, discussões, debates dentro da Fretilin».

E sobre a hipótese de alcançar um acordo com algum partido da oposição para formar o governo, Mari Alkatiri mostrou-se céptico.

«Da nossa parte sempre houve abertura para um acordo porque entendemos que ainda estamos num período delicado, frágil, da estabilidade no nosso país. O resultado das eleições mostrou que o povo não deu maioria absoluta a ninguém, mas deu uma maioria relativa simples à Fretilin, portanto deveríamos tomar a iniciativa de incluir outros na governação de modo a resolver os problemas mais graves do país», acrescentou.

«Mas o outro lado não entende assim, entende que já estamos numa democracia consolidada, achando que devem trabalhar com base em poder e oposição, e por isso mesmo tem sido difícil chegar a um acordo», explicou Mari Alkatiri.

Quanto a uma aliança com o CNRT, do ex-Presidente Xanana Gusmão, Alkatiri diz que «em política nada é impossível».

«Naturalmente que aqui há questões de personalidade, num e noutro partido, que devem encontrar um entendimento, um consenso, para ver se mesmo estando na oposição, oposição não significa destruição», disse o antigo primeiro-ministro timorense.

Para quem ainda tinha dúvidas quanto à ingerência australiana na crise em Timor-Leste...

PM Australiano vai encontrar-se com líderes de Timor-Leste, chama a Gusmão o provável próximo PM

CANBERRA, Australia (AP): o primeiro-ministro da Austrália disse que na Quinta-feira viajará para Timor-Leste para se encontrar com o novo Presidente José Ramos-Horta e Xanana Gusmão, a quem chamou o provável próximo primeiro-ministro apesar do beco sem saída quanto à formação do novo governo.

"Amanhã, vou a Timor-Leste ver o recentemente eleito presidente e o provável primeiro-ministro desse país," disse John Howard à Australian Broadcasting Corp. radio na Quarta-feira na cidade da costa ocidental de Perth.

Apresar da previsão de Howard de que Gusmão será o próximo primeiro-ministro, a recente eleição em Timor-Leste não deu a nenhum partido lugares suficientes para formar uma maioria, e falharam as conversações para uma coligação.

Howard foi acusado de interferência política pelo primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri, que alega ter sido derrubado no ano passado por um golpe liderado por Ramos-Horta e Gusmão que foi apoiado encobertamente pela Austrália.

Gusmão, o primeiro presidente de Timor-Leste desde que se separou da Indonésia em 1999, lidera uma coligação de partidos que tem a maioria de lugares no parlamento depois das eleições do mês passado.

Contudo, o partido do governo a Fretilin ganhou mais lugares, e insiste que tem o direito de governar. Propôs formar um governo minoritário e diz que de outra maneira quer novas eleições.

A Austrália foi o primeiro país a enviar tropas e polícias para restaurar a ordem depois de lutas faccionais entre forças militares e policiais se terem espalhado em fogos postos, lutas de gangs e pilhagens nas ruas da capital, Dili.

Howard culpou a violência num falhanço da liderança, mas Alkatiri insiste que foi orquestrada para derrubar o seu governo.

A Austrália mantém a maior força estrangeira em Timor-Leste, uma antiga colónia Portuguesa de um milhão de pessoas que votaram a independência da Indonésia numa votação sancionada pela ONU.

Durante as suas viagens esta semana, Howard planeia ainda encontrar-se com o Presidente Indonésio Susilo Bambag Yudhoyono na Indonésia e inaugurar um hospital dedicado às vítimas do terrorismo. (***)

Tradução da Margarida:

Publicada no sábado, Julho 28, 2007 por Malai Azul em http://timor-online.blogspot.com/

Militantes da Fretilin manifestam a sua preocupação

Notícias Lusófonas 28/07/2007

A dois dias da reunião do novo parlamento, a Fretilin analisou hoje perto de Baucau, leste de Timor-leste, a situação política pós-eleitoral, e escutou "a preocupação dos militantes" sobre a formação do próximo governo.


Saturnino da Costa, um professor do ensino primário de Baucau, foi um dos muitos militantes que acorreram à aldeia de Bucoli para ouvir dirigentes e quadros do partido como Arsénio Bano, José Reis e David Xímenes.

"O Presidente da República tem que convidar o partido mais votado e depois dar solução de estabilidade", declarou à agência Lusa o professor, enquanto os militantes colocavam questões aos dirigentes num pavilhão junto à igreja de Bucoli.

"Eu vim aqui porque voto Fretilin e voto Fretilin porque foi o partido que lutou pela nação, contra a maioria indonésia", explicou Saturnino da Costa.

"Se o Presidente da República não convidar a Fretilin para formar governo, esse é o poder dele", afirmou o mestre-escola.

Dentro do pavilhão, durante várias horas, os militantes e quadros distritais do partido maioritário "manifestaram a sua preocupação pelo actual momento político", afirmou à Lusa o secretário-geral-adjunto da Fretilin, José Reis.

"Vamos tentar explicar aos militantes" as opções de José Ramos-Horta, adiantou José Reis, "mas os militantes entendem todos os passos, conhecem a Constituição e esperam que o Presidente a respeite".

"Tudo indica que o Presidente possa convidar a Fretilin para formar governo e essa é a expectativa dos militantes", acrescentou José Reis.

Sobre a hipótese constitucional de José Ramos-Horta convidar uma aliança que assegure maioria parlamenar, José Reis respondeu que "a interpretação é muito vaga".

O artigo 109º da Constituição timorense, sobre o convite para primeiro-ministro e a formação de governo, tem sido analisado e disputado no debate político desde o anúncio da vitória da Fretilin sem maioria absoluta.

Dia 30 de Julho passa um mês sobre a realização das legislativas e até hoje não há acordo para concretizar a proposta de um governo de grande inclusão desejada por José Ramos-Horta.

"Temos uma situação única que é diferente do passado. A nossa liderança tenta conseguir uma boa saída para a estabilidadde deste país e a Fretilin propõe uma saída que vai contribuir para estabilizar este país", declarou o novo vice-presidente do partido, Arsénio Bano.

O ministro do Trabalho e Reinserção Comunitária acrescentou que a Fretilin "mantém contactos formais e informais com todos os partidos".

"Continuamos a apoiar a iniciativa do Presidente da República. Estamos abertos para discutir detalhes. O problema é que, do outro lado, não há reacção positiva", acusou Arsénio Bano.

"Um governo de inclusão mesmo para dois anos, ou três ou cinco anos, é a melhor solução para resolver os problemas do país", concluiu o dirigente da Fretilin.

A Comissão Política Nacional (CPN) da Fretilin reúne-se amanhã na residência do secretário-geral do partido, Mari Alkatiri, juntando os membros eleitos do parlamento nacional.

A memória fresca da crise de 2006 esteve também presente na reflexão de hoje em Bucoli, conforme explicou o secretário de Estado Para os Assuntos dos Veteranos e Antigos Combatentes, David Xímenes.

"Estes encontros, que serão repetidos em todos os distritos, pretendem dissipar os conceitos errados de que existe actualmente uma percepção 'lorosae' e 'loromonu', ou seja, leste e oeste", disse.

"Esta percepção está a ser bem explorada e a reflexão de hoje foi o primeiro passo para podermos dar termo a esta situação", acrescentou David Xímenes.

ONU abandona Comissão da Verdade de Timor-Leste

Público 28.07.2007

A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou ontem, em Nova Iorque, que vai deixar de colaborar com a Comissão da Verdade e Amizade (CVA), o órgão indonésio-timorense que investiga os confrontos de 1999 em Timor-Leste
Um porta-voz do secretário-geral, Ban Ki-moon, anunciou que os funcionários da ONU receberam ordens para não apoiar o trabalho da CVA.
Segundo a mesma fonte, os termos de referência da Comissão da Verdade e Amizade "não excluem" a possibilidade de "recomendar uma amnistia para actos que constituem crimes contra a humanidade".
O representante de Ban Ki-moon afirmou que a ONU só participará no processo se "os termos de referência forem revistos para cumprir os padrões internacionais".
A ONU rejeita "amnistias para casos de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra ou graves violações de direitos humanos", disse o porta-voz.

Timor-Leste: Se os partidos não chegarem a acordo, o Presidente timorense avançará com a sua decisão

"Ninguém tem o monopólio da verdade, da virtude e das soluções"

Público, 26.07.2007, Adelino Gomes

O Presidente timorense quer um governo de "grande inclusão". Se os partidos não chegarem a acordo, avançará com a sua decisão

José Ramos-Horta dispõe--se a esperar até 31 de Julho, data provável da eleição do novo presidente do Parlamento Nacional, a segunda figura mais elevada na hierarquia do Estado. Se os líderes dos partido - com quem, entretanto, tem vindo a manter reuniões, nos arredores de Díli - não chegarem a acordo quanto à constituição do próximo governo, tomará uma decisão na próxima quarta-feira, 1 de Agosto. Nesta entrevista, cujas respostas foram recebidas ontem de manhã, por correio electrónico, o presidente timorense defende que seria "de toda a prudência" uma solução em que "os líderes e partidos maiores " do país "se juntassem e formassem um governo bem abrangente e representativo de todos e em que todos os timorenses se sintam representados". Pragmatismo, humildade e prudência precisam--se em Timor-Leste, diz o Prémio Nobel da Paz, explicando as razões que levam a Fretilin, de Alkatiri, e o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, a não se entenderem.

Qual é a deadline presidencial para que os partidos cheguem a acordo para um governo de grande inclusão?

O novo Parlamento inicia os seus trabalhos, isto é, a nova legislatura, no dia 30 de Julho, um mês após as eleições. Vamos ver primeiro a eleição do novo presidente do Parlamento Nacional. Lá para o dia 1 de Agosto anunciarei a minha decisão, de acordo com os art.º 85 e 106 da Constituição da República Democrática de Timor-Leste (RDTL).

Esta terça-feira, os jornalistas viram sair da reunião [com ar zangado] o presidente do CNRT, Xanana Gusmão, o que foi interpretado como sinal de que não houve acordo. Acha possível uma solução sem o acordo de uma figura-chave como Xanana Gusmão?

Pensei que ele saiu para fumar porque Xanana não consegue estar muito tempo sentado sem fumar. Claro, não houve acordo. E, se não houver, tomarei uma decisão no dia 1 de Agosto.

Um governo de grande inclusão é a sua solução preferida. Porquê, se toda a crise em que o país mergulhou há mais de um ano teve como base as posições irreconciliáveis entre a liderança da Fretilin, por um lado, e o presidente Xanana, hoje líder do maior partido a seguir à Fretilin, e os outros partidos que formaram com o CNRT uma coligação governamental, por outro?

Continuo a defender que - dado o resultado eleitoral, que revelou uma profunda clivagem regional, e dada a situação ainda frágil que nós atravessamos - seria de toda a prudência que os líderes e partidos maiores deste país se juntassem e formassem um governo bem abrangente e representativo de todos e em que todos os timorenses se sintam representados, canalizando as nossas experiências para duas áreas prioritárias: a estabilização e a recuperação económica. Propus uma agenda de 10 pontos para dois anos. A recém-formada Aliança de Maioria Parlamentar (AMP), liderada pelo CNRT de Xanana Gusmão, quer ser ela a governar; a Fretilin quer ser ela a governar porque é o partido mais votado mas não conseguiria fazer passar o seu programa e orçamento. Acredito sempre que mesmo as posições mais irredutíveis podem ser conciliadas quando há um objectivo maior, mais sublime, mais nobre, a alcançar, que é a paz, a tranquilidade, o bem-
-estar. Os agentes políticos deviam ser mais sensíveis, inteligentes, pragmáticos, humildes, prudentes. Disse várias vezes nas nossas reuniões: ninguém tem o monopólio da verdade, das virtudes e da solução para Timor--Leste. No passado, a Fretilin parecia pensar que tinha a exclusividade das verdades e soluções. Hoje já não pensa assim. Fizeram uma reflexão e concluíram que não podem governar sozinhos. Mas teimam em liderar um novo governo abrangente. A AMP parece agora pensar que ela detém o monopólio da verdade, das virtudes e das soluções. Enfim, talvez quando começarem a governar vão ver que governar não é só através de declaração de princípios, que a governação é bem mais complexa e terão que fazer concessões, compromissos e vão precisar da Fretilin.

Já disse que está fora de causa a convocação de eleições intercalares. As opções que restam são: convidar a Fretilin ou a AMP para formarem governo. Posteriormente, surgiu uma terceira, algo surreal: cada um destes partidos dividirem a legislatura ao meio. Qual destas soluções (ou outra) favorece? Porquê?

Tomarei uma decisão entre as duas previstas na Constituição[convidar o partido mais votado ou a coligação com maioria parlamentar] no dia 1 de Agosto.

A violência voltou a Díli, no domingo. Um porta-voz da polícia das Nações Unidas admitiu a hipótese daqueles actos terem tido motivações relacionadas com o major Reinado. Um juiz português considerou "ilegais" as ordens presidenciais para que cessassem as buscas para a sua detenção. Em declarações reiteradas, quer de Reinado, quer de Leandro Isaac [no PÚBLICO de 22/7], tudo indica que Reinado não se entregará. Que solução preconiza, perante estes novos dados?

O sr. juiz enganou-se (juízes também se enganam, não são superinteligentes ou sapientes) e podia ter-se informado melhor. O Presidente da República, em sintonia com todos os órgãos de soberania e com a UNMIT (Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste, sigla em inglês), decidiu suspender todas as operações militares contra o sr. Reinado. Não se pronunciou sobre o mandado de captura, já que todos os presentes nas reuniões temos consciência das fronteiras que nos separam em termos das nossas respectivas prerrogativas. Tenho apostado e investido muito no diálogo para que o sr. Reinado se entregue à Justiça, e vou continuar a fazê-lo.

Apesar da demissão de Mari Alkatiri e das eleições presidenciais e legislativas, actos tidos por clarificadores da situação, continua tensa a situação em Timor-Leste. Porquê e o que é necessário para a ultrapassar?

Tensa às vezes. Raras vezes surgem actos de violência, mas não de grande escala. A situação em mais de 99 por cento do país é muito calma. A maior parte de Díli está calma, com muito comércio, muito tráfego, agora com semáforos, iluminação nocturna nalguns bairros, etc. Estamos no bom caminho, com sobressaltos pelo meio. Vamos continuar com determinação, serenidade, com
a consciência da nossa inexperiência, logo das nossas falhas, mas com apoio da ONU, Austrália, Nova Zelândia, Portugal, e outros países vizinhos vamos chegar a bom porto em pouco tempo. A economia está a crescer. Mais embaixadas vão abrir em Díli. A do Kuwait é uma delas. A Comissão Europeia já elevou a sua missão aqui para full delegation. Países asiáticos como Índia, Paquistão, etc., querem abrir embaixadas. Companhias de petróleo de Itália, Índia, Malásia, estão a acorrer ao mar de Timor. Vamos investir algumas centenas de milhões de dólares nos próximos cinco anos em infra-estruturas, estradas e outros investimentos que vão criar milhares de empregos, reduzindo ou mesmo eliminando o desemprego. Portanto, estou optimista, sem exageros, ciente dos desafios, riscos.

A AMP, de Xanana Gusmão, terá que compreender que governar implica fazer concessões, diz Ramos-Horta

Coalizão elege Xanana Gusmão primeiro-ministro do Timor-Leste

Agência de Notícias EFE – Sábado, 28 de julho de 2007, 03h20

A Aliança Majoritária no Parlamento (AMP), que controla 37 das 65 cadeiras do Legislativo no Timor-Leste, elegeu hoje Xanana Gusmão para ocupar o cargo de primeiro-ministro e Fernando Lasama para presidir a câmara.

A escolha foi feita à revelia da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), partido mais votado nas eleições legislativas do mês passado.

"Hoje, todos nós, membros da AMP, elegemos Xanana Gusmão como primeiro-ministro e Fernando Lasama de Araújo como presidente do Parlamento, esperando que o presidente José Ramos Horta nos encarregue, na próxima semana, de formar um Governo sem a participação da Fretilin", explicou à Efe o porta-voz da AMP, Cecilio Caminho, em Díli.

A eleição mostra que os partidos que conquistaram representação parlamentar nas eleições de 30 de junho não chegaram a um acordo para formar um Governo de união nacional, como pretendia o presidente.

"O Gabinete terá cerca de 30 membros, entre ministros e secretários de Estado", adiantou Caminho.

A AMP reúne o Conselho Nacional para a Reconstrução do Timor-Leste (CNRT), fundado por Gusmão, com 18 deputados, a Coalizão ASDT-PSD, que tem 11, e o Partido Democrata (PD), presidido por Lasama, com oito.

A Fretilin, que governa desde a independência, em 2002, obteve 21 cadeiras nas eleições.
O presidente timorense disse que em meados de na próxima semana anunciará o partido político encarregado de formar um Governo.

A Constituição do país estabelece que o presidente peça ao partido mais votado que forme o Executivo. O Parlamento deve realizar a primeira sessão da nova legislatura nesta segunda-feira.

Publicada por Malai Azul em http://timor-online.blogspot.com/

Timor-Leste Está A Ser Entregue...

Timor-Leste Está A Ser Entregue...

Blog Página Um – 27 Julho 2007

António Veríssimo

O clima de confrontos mais ou menos acirrados entre grupos de jovens rivais já caíram no uso e costumes da rotina da capital timorense e porque nos últimos dias não têm assumido dimensões significativas, porque têm sido facilmente controlados pela UNPOL, raramente a comunicação social se lhes refere.

Sobre o "cerco" a Alfredo Reinado nada se sabe, praticamente voltou a cair no esquecimento, mas consta que o Presidente Ramos Horta viajou com o propósito de se encontrar com o foragido e acordar a sua "rendição".

Também sobre a indigitação do primeiro-ministro e formação do governo nada há a registar, aguardando-se 1 de Agosto para saber sobre a decisão de Ramos Horta.
Entretanto, comemorando os seus sessenta e oito anos, John Howard visitou Díli, os seus militares e algumas entidades oficiais timorenses, entre as quais Ramos Horta... mas só por meia-hora...

O propósito da visita não foi divulgado, querendo parecer que o senhor Howard já estava com saudades dos rapazes destacados em Timor-Leste e lá foi fazer-lhes uma visitinha e aproveitar para comemorar o seu aniversário com eles. Só isso, mais nada.

Depois até se foi embora a meio da tarde e hoje de manhãzita estava em Bali, na Indonésia...
Quem quiser acreditar que esta visita surpresa-relâmpago de John Howard não traz água-no-bico que o faça, mas não é coincidência para os que equacionam as constantes interferências australianas na política timorense, muito menos após Horta procurar encontrar entendimentos entre os vários líderes partidários para a formação de um governo abrangente, que incluísse os partidos mais representativos timorenses.

Sabe-se que os aussies vão ficar estacionados até ao final de 2008 no país - dizendo-se que o acordo é até 2009 - sabe-se que o governo australiano não quer a Fretilin nem com um dedinho no governo, sabe-se que quer Xanana Gusmão como primeiro-ministro e sabe-se que quer rapidamente estabelecer uma base militar no país.

Também se sabe que aquilo que se sabe não é novidade para ninguém, que a visita do "patrão" de Timor-Leste não acontece por acaso e que não foi pelos motivos alegados.

Aquilo que for soará, mas que Timor-Leste está a ficar entregue... disso não duvidem.

Antes de terminar será bom que aqui seja referido que a ONU retirou o seu pessoal dos trabalhos da Comissão da Verdade e Amizade que preconiza amnistiar os hediondos crimes dos militares indonésios e das milícias de sua responsabilidade.

A estranha posição da referida comissão, de Xanana, de Horta e outros mais, de insistirem em branquear e premiar os crimes contra os seus compatriotas denotam o seu carácter de desrespeito pelas centenas de milhares de mártires...

Que se poderá esperar de pessoas assim?

O imbróglio timorense

Sábado, Julho 28, 2007
O imbróglio timorense

Portugal Digital - 27/07/2007 - 18:30

Três semanas depois das eleições legislativas, o veredicto saído das urnas resultou num impasse na governabilidade de Timor-Leste.

Carlos Pinto Santos *

Três semanas depois das eleições legislativas, o veredicto saído das urnas resultou num impasse na governabilidade de Timor-Leste. No tabuleiro partidário, os dois blocos em confronto, Fretilin e anti-Fretilin, mantêm-se renitentes em aceitar as variáveis de consenso sugeridas por José Ramos-Horta. A 30 de Julho, Francisco Guterres ‘Lu Olo’, presidente da legislatura cessante, convoca o Parlamento de Timor-Leste sem que tenha sido alcançado um consenso sobre a formação do próximo Governo.

Após as eleições legislativas de 30 de Junho, tem-se desenrolado em Díli uma maratona de reuniões interpartidárias, negociações que vêm a público, outras de que nada se sabe. As cartas do baralho são distribuídas por diversas vezes e o que é dito num dia, acaba por ser negado horas depois.

A batata quente saída das urnas está, em grande medida, nas mãos de José Ramos-Horta. O Presidente foi eleito em Maio último graças à estratégia desenhada por Xanana Gusmão para afastar a Fretilin e Mari Alkatiri do poder. Mas, dado o resultado das legislativas, essa estratégia só resultou em parte.

Apesar de ter perdido metade dos eleitores, a Fretilin foi o partido mais votado, com 29 por cento dos sufrágios e 21 deputados eleitos, à frente do Conselho Nacional para a Reconstrução do Timor-Leste (CNRT) chefiado por Xanana Gusmão, que obteve 24 por cento e 18 deputados.
Os 80,5 por cento dos eleitores timorenses que escolheram os 65 deputados do Parlamento de Díli deram, em seguida, 15,7% e 11 deputados à coligação PSD/ASDT, de Mário Carrascalão e Xavier do Amaral, respectivamente; e 11,3% e oito deputados ao Partido Democrático (PD) de Fernando Lassama. Três outros partidos conseguiram assentos do Parlamento: PUN com três, UNDERTIM e a coligação KOTA/PPT ambos com dois.

Se o CNRT tivesse conquistado mais cinco por cento dos votos, a enxaqueca de Ramos-Horta não o teria afectado.

Mas agora está emaranhado nos interesses dos nove partidos com representação parlamentar – num país com cerca de 930 mil habitantes e 14.615 km2 – e nas interpretações contraditórias da Constituição. Convidar o partido mais votado a indicar o nome do primeiro-ministro?

Escolher Aliança com Maioria Parlamentar (AMP), criada seis dias depois das eleições, que junta CNRT, PSD/ASDT e PD, dispondo da maioria absoluta de 37 deputados?

Depois de mais uma ronda de negociações em que viu recusada pelas forças políticas da AMP a sua proposta de união nacional, dito Governo de Grande Inclusão, Ramos-Horta disse à imprensa que uma alternativa passava pela Fretilin formar sozinha o Executivo, acrescentando, no entanto, que este cairia rapidamente «em colapso» ao apresentar o programa no Parlamento.
A outra opção seria um Governo dos partidos da AMP com a Fretilin a passar à oposição. No puzzle timorense os protagonistas não se detêm em marcar terreno numa catadupa de declarações. «Não abdicamos da vitória», diz Alkatiri que enfatiza a legitimidade da Fretilin constituir Governo, dá indícios do seu partido poder aceitar Fernando Lassama (PD) como primeiro-ministro e afirmase disponível a ficar de fora desde que Xanana também fique.

Mário Carrascalão (PSD), governador de Timor-Leste durante a ocupação indonésia, mostra-se irredutível em partilhar o poder com a Fretilin.

Depois do anúncio da criação da AMP, Xanana remete-se ao silêncio em público.

Uma charneira chamada Lassama

Com um inesperado terceiro lugar nas presidenciais de Maio, ao conquistar 19 por cento dos votos, e agora com oito deputados eleitos, Fernando Lassama é dado como a charneira do imbróglio. Visto como um «político da nova geração», o presidente do PD foi assediado pelos dois grandes blocos chefiados por Alkatiri e Xanana.

Ao Expresso (jornal semanário português) informou que na noite de 5 para 6 de Julho dormiu apenas três horas para poder consultar os líderes distritais do partido que lhe permitisse tomar uma decisão definitiva. Mas que eles rejeitaram a Fretilin. Posto isto, foi sentar-se na mesa que anunciou a AMP à imprensa, ao lado de Xanana Gusmão, Mário Carrascalão e Xavier do Amaral.
No entanto, com a mutabilidade das alianças e contra-alianças do dia-a-dia timorense não é de excluir, de todo, próximos cenários.

Um deles pode passar pelo líder do PD. Se o primeiro-ministro indigitado por Ramos-Horta recair na escolha de Xanana Gusmão ou de Mário Carrascalão, Fernando Lassama poderá não ficar imune ao convite de uma proposta de Mari Alkatiri. Rompe com a AMP e, se quatro outros deputados forem arregimentados, está encontrada uma outra maioria absoluta.

Por outro lado, José Ramos-Horta sabe que o país é ingovernável se a instabilidade se mantiver. Sabe também que a comunidade internacional dá evidentes sinais de cansaço pela arrastada crise timorense desencadeada em Abril de 2006.

Na sua mais recente tentativa, Ramos-Horta reuniu, a 19 de Julho, os representantes de todos os partidos com representação parlamentar numa comunidade religiosa na aldeia de Dare, nas montanhas a 17 quilómetros de Díli.

Os despachos das agências dizem que neste conclave estiveram, nomeadamente, Mari Alkatiri, Xanana Gusmão, Francisco ‘Lu-Olo’ Guterres e o primeiro-ministro cessante Estanislau da Silva.

Na ordem de trabalhos esteve, de novo, a formação do Governo de Grande Inclusão. Os resultados da reunião são ainda nebulosos, sabendo-se apenas que perdura o braço de ferro entre os dois blocos: Fretilin e anti-Fretilin.

A acalmia relativa mantida no país, em particular nos bairros vulneráveis da capital, pode entrar em ruptura no caso do Governo de união nacional defendido por Ramos-Horta e aceite pela Fretilin que insiste, todavia, no direito de concordar com o nome proposto para o cargo de primeiro-ministro. Caso isso não aconteça, a violência poderá descer novamente às ruas.
Na reportagem «Gangues de Timor» do enviado especial do Expresso (13 de Julho), Micael Pereira, há um dado surpreendente. Refere ele que «dez por cento da população está envolvida em grupos de artes marciais ou similares». Introduzidos pelos indonésios nos anos 80 como forma de espalhar o caos, fomentando «uma cultura de violência e vingança», o número destes grupos de artes marciais é desconhecido. O jornalista do Expresso, que se avistou com vários chefes de gangs, destaca dois: PSTH, o mais antigo com 33 mil membros agora próximo do CNRT e o KORKA com 36 mil aderentes ligados à Fretilin.

Timor-Leste é um barril de pólvora. A acendalha que possa advir do fracasso das negociações de governabilidade agravará a ruína do país.

Não serão só as dezenas de milhares de deslocados que aguardam nos campos em redor de Díli a perderem a esperança do regresso às habitações desfeitas. Nem o adiamento da recuperação socioeconómica de um dos países mais pobres que dispõe de recursos naturais fabulosos para a sua dimensão. O pior pode estar para vir.

*Carlos Pinto Santos, jornalista, é director executivo da revista África 21, parceira do Portugal Digital

27 juillet 2007

O POVO DE TIMOR-LESTE NA OPINIÃO DE UM COMANDANTE AUSTRALIANO

O comandante das Forças de Estabilização Internacionais, brigadeiro-general Mal Rerden, comandante das tropas australianas e neozelandesas (ISF) afirmou à agência Lusa que "dos onze meses que passou em Timor-Leste, ter aprendido,

"em primeiro lugar, a resiliência dos timorenses".

"É gente muito, muito dura, com uma grande capacidade de resistência, em circunstâncias diferentes, tanto física como psicologicamente".

"A segunda coisa é a adaptabilidade dos timorenses, a sua versatilidade. Perante uma dada situação, conseguem encontrar uma maneira de contornar, ou passar por cima, ou lidar com uma situação em que a maior parte das pessoas ficaria bloqueada", declarou Mal Rerden.

"Mesmo no sentido político, são muito flexíveis e acho isso interessante".

"A última coisa que também me surpreendeu foi que, sendo pessoas tão pobres e sem privilégios, os timorenses ainda consigam ser felizes e estejam interessados e em condições de participar na vida", acrescentou o comandante australiano.



http://aquietimorlestenumeroum.blogspot.com/

"Timor: é só o começo"

Artigo de 2006, do Prof. Boaventura de Sousa Santos - em Folha de São Paulo - a 4 Julho 2006.
(Disponível em, http://www.cebela.org.br/CbartigosDet.asp?artigo=66).

"Timor: é só o começo"

"A crise política em Timor, para além de ter colhido de surpresa a maior parte dos observadores, provoca algumas perplexidades e exige, por isso, uma análise menos trivial do que aquela que tem vindo a ser veiculada pela comunicação social internacional. Como é que um país, que ainda no final do ano passado teve eleições municipais, consideradas por todos os observadores internacionais como livres, pacíficas e justas, pode estar mergulhado numa crise de governabilidade? Como é que um país, que há três meses foi objecto de um elogioso relatório do Banco Mundial, que considerou um êxito a política económica do Governo, pode agora ser visto por alguns como um Estado falhado?

À medida que se aprofunda a crise em Timor Leste, os factores que a provocaram vão-se tornando mais evidentes. A interferência da Austrália na fabricação da crise está agora bem documentada e vem desde há vários anos. Documentos de política estratégica australiana de 2002 revelam a importância de Timor Leste para a consolidação da posição regional da Austrália e a determinação deste país em salvaguardar a todo o custo os seus interesses. Os interesses são económicos (as reservas de petróleo e gás natural estão calculadas em trinta mil milhões de dólares) e geo-militares (controlar rotas marítimas de águas profundas e travar a emergência do rival regional: a China). Desde o início da sua governação, o primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, um político lúcido, nacionalista mas não populista, centrou a sua política na defesa dos interesses de Timor, assumindo que eles não coincidiam necessariamente com os da Austrália. Isso ficou claro desde logo nas negociações sobre a partilha dos recursos do petróleo em que Alkatiri lutou por uma maior autonomia de Timor e uma mais equitativa partilha dos benefícios. O petróleo e o gás natural têm sido a desgraça dos países pobres (que o digam a Bolívia, o Iraque, a Nigéria ou Angola). E o David timorense ousou resistir ao Golias australiano, subindo de 20% para 50% a parte que caberia a Timor dos rendimentos dos recursos naturais existentes, procurando transformar e comercializar o gás natural a partir de Timor e não da Austrália, concedendo direitos de exploração a uma empresa chinesa nos campos de petróleo e gás sob o controlo de Dili. Por outro lado, Alkatiri resistiu às tácticas intimidatórias e ao unilateralismo que os australianos parecem ter aprendido em tempos recentes dos seus amigos norte-americanos. O Pacífico do Sul é hoje para a Austrália o que a América Latina tem sido para os EUA há quase duzentos anos. Ousou diversificar as suas relações internacionais, conferindo um lugar especial às relações com Portugal, o que foi considerado um acto hostil por parte da Austrália, e incluindo nelas o Brasil, Cuba, Malásia e China. Por tudo isto, Alkatiri tornou-se um alvo a abater. O facto de se tratar de um governante legitimamente eleito fez com que tal não fosse possível sem destruir a jovem democracia timorense. É isso que está em curso.

Uma interferência externa nunca tem êxito sem aliados internos que ampliem o descontentamento e fomentem a desordem. Há uma pequena elite descontente, quiçá ressentida por não lhe ter sido dado acesso aos fundos do petróleo. Há a Igreja Católica que, depois de ter tido um papel meritório na luta pela independência, não hesitou em pôr os seus interesses acima dos interesses da jovem democracia timorense ao provocar a desestabilização política com as vigílias de 2005 apenas porque o governo decidiu tornar facultativo o ensino da religião nas escolas. Toleram mal um primeiro-ministro muçulmano, mesmo laico e muito moderado, porque o ecumenismo é só para celebrar nas encíclicas. E há, obviamente, Ramos Horta, Prémio Nobel da Paz, um político de ambições desmedidas, totalmente alinhado com a Austrália e os EUA e que, por essa razão, sabe não ter hoje o apoio do resto da região para a sua candidatura a Secretário-Geral da ONU. Foi ele o responsável pela passividade chocante da CPLP (Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa) nesta crise. A tragédia de Ramos Horta é que nunca será um governante eleito pelo povo, pelos menos enquanto não afastar totalmente Mari Alkatiri. Para isso, é preciso transformar o conflito político num conflito jurídico, convertendo eventuais erros políticos em crimes e contar com o zelo de um Procurador-Geral para produzir a acusação. Daí que as organizações de direitos humanos, que tão alto ergueram a voz em defesa da democracia de Timor, tenham agora uma missão muito concreta a cumprir: conseguir bons advogados para Mari Alkatiri e financiar as despesas com a sua defesa.

E que dizer de Xanana Gusmão? Foi um bom guerrilheiro e é um mau presidente. Cada século não produz mais que um Nelson Mandela. Ao ameaçar renunciar, criou um cenário de golpe de Estado constitucional, um atentado directo à democracia por que tanto lutou. Um homem doente e mal aconselhado, corre o risco de hipotecar o crédito que ainda tem junto do povo para abrir caminho a um processo que acabará por destruí-lo.

Timor não é o Haiti dos australianos, mas, se o vier a ser, a culpa não será dos timorenses. Uma coisa parece certa, Timor é a primeira vítima da nova guerra-fria, apenas emergente, entre os EUA e a China. O sofrimento vai continuar".

Lido nos comentários em http://blogs.publico.pt/timor/

O tempo vai passando e não há nada de novo em Timor-Leste

O Presidente da Ramos-Horta lá vai fazendo as suas consultas e, enquanto hesita ou melhor, ganha tempo, lá recebeu a visita não anunciada do tutor do sul para que não se esqueça que quem manda ali, é bem a Austrália e, talvez até lhe tenha lembrado que o melhor primeiro-ministro para Timor-Leste, por ser o mais dócil para o seu país, o tal candidato que queria 80% dos votos do eleitorado mas que só obteve 20% dos votos, mas que quer mesmo ser primeiro e que até o vai ser, Ramos-Horta sempre o desejou, sempre foi o seu candidato e vai nomeá-lo! Espero que me engane mas Xanana Gusmão não foi feito para ser Primeiro-ministro, já como Presidente não foi maravilha nenhuma mas ainda era uma figura carismática e francamente é a primeira vez que vejo alguém andar de cavalo para burro mas, Timor-Leste é Timor-Leste, não é verdade?

O caso Reinado é mais um caso timorense, não tem ponta por onde se pegue, quem o lê até fica coma a impressão que o povo é ele e que a lei é também ele mas, é até o próprio Presidente que desrespeita a justiça ao emitir um salvo-conduto, sem ter o direito para o fazer mas, Timor-Leste é Timor-Leste, não é verdade?

Será que não há nada a fazer? Será que temos de baixar os braços? Não! Não é possível! Temos de ser perseverantes como Xanana Gusmão e a esmagadora maioria dos timorenses o foram durante a ocupação indonésia.

O povo timorense não pode baixar agora os braços e estou convencido que o não vai fazer. Timor-Leste ainda está a crescer como nação e depois de se ter libertado dos portugueses e dos indonésios há-de também de se liberta dos australianos.

11 juillet 2007

Timor-Leste: Independência ou pragmatismo

Quando estive em Timor em Maio de 2000, onde fiz uma reportagem para a televisão belga sobre a juventude, fiquei já nessa altura, com a impressão que os timorenses conseguiriam muito dificilmente a independência plena.

Os jovens estudantes timorenses, os futuros dirigentes, tinham a vontade da independência mas, pensavam como indonésios, os vinte cinco anos de ocupação indonésia marcou muito e o ódio aos portugueses e ao português era manifesto.

Creio que a Fretilin acredita na independência e por isso talvez tenha andado para a frente sem olhar bem para a realidade timorense, até porque para governar Timor deve ser preciso muita força de vontade pois a inércia ambiente pareceu-me enorme.

Muitos dos outros partidos, alguns na AMP, parecem-me bastante comprometidos ou com a Indonésia ou com a Austrália mas talvez sejam só (ou demasiado) pragmáticos.

Espero que Timor vença mais esta etapa difícil na sua construção como país.



Até breve

Fernando Cabrita Moreira

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Timor-Leste: Memorando de Entendimento para a Formação da Aliança com Maioria Parlamentar (AMP)

Quarta-feira, 11 de Julho 11, 2007
Memorando de Entendimento para a Formação da Aliança com Maioria Parlamentar (AMP)

I. Introdução

As eleições para o Parlamento Nacional da RDTL decorridas no passado dia 30 de Junho criaram as condições para se poder fechar o ciclo da grave crise social e política que ameaçou a unidade de Estado e a Independência Nacional e representam, acima de tudo, o triunfo da Democracia no nosso jovem país. O povo timorense soube dar expressão fiel aos valores, aos princípios, e aos procedimentos consagrados na Constituição da República, não defraudando assim a confiança e o sacrifício de longas décadas de luta de libertação nacional.

A vontade popular em Timor-Leste, expressa em sufrágio directo e universal concedeu aos partidos ASDT/PSD, CNRT e PD um total de votos correspondentes à maioria absoluta no Parlamento Nacional.

E cientes dos interesses nacionais e da responsabilidade assumida perante o povo e o país de serem uma alternativa viável e sustentável na governação de Timor-Leste, os quatro partidos políticos concordam assim assinar este Memorando de Entendimento para a Formação da “Aliança com Maioria Parlamentar” (AMP).

Esta nova maioria, sente assim o dever indeclinável de corresponder à esperança que o povo entendeu colocar sobre os seus ombros e aceita sem reservas a suprema responsabilidade e o desafio da governação e Timor-Leste.

II. Objectivos

Constituem objectivos da AMP a cooperação em todos os níveis no Parlamento Nacional, a viabilização de um futuro Governo, o estabelecimento de uma plataforma para levar a efeito as reformas necessárias, assegurar a estabilidade governativa, garantindo assim a estabilidade nacional propícias para o desenvolvimento e prosperidade de Timor-Leste, bem como a colaboração permanente em todas as matérias de interesse nacional.

III. Identidade

Os partidos políticos que integram a AMP manterão cada um a sua identidade própria.

IV. Princípios

1. Estabilidade: As garantias de estabilidade da AMP durante os cinco anos e de disciplina de voto no Parlamento Nacional são dadas por cada Partido político membro da AMP, através de mecanismos próprios dentro de cada um dos partidos co-signatários deste Memorando, no Regimento Interno da AMP, no Regimento Interno do Parlamento Nacional e na Lei que regula o Estatuto dos Deputados.

2. Lealdade e Obediência: Cada membro do Parlamento Nacional pertencente a AMP assinará uma declaração de lealdade e obediência à AMP que o obriga a uma estrita disciplina de voto no Parlamento Nacional de acordo com as instruções emanadas pelo Conselho da Presidência da AMP ou Comissão Executiva Permanente, através de cada Grupo Parlamentar.

3. Colegialidade, Consensualidade e Firmeza: As decisões dentro da AMP serão sempre tomadas tendo em conta o princípio da Colegialidade, Consensualidade e Firmeza.

4. Solidariedade, Honestidade, Confiança e Respeito Mútuo: A Solidariedade a Honestidade, a Confiança e o Respeito Mútuo constituem um dever e uma obrigação no relacionamento entre os membros da AMP

5. Equilíbrio de Poderes: Os partidos co-signatários deste Memorando observarão sempre e enquanto durar a AMP o princípio do equilíbrio de poderes.

6. Inclusividade: O Governo da AMP poderá incluir membros independentes ou de outros partidos que não integrem a AMP, desde que esses candidatos assinem um compromisso de lealdade ao Chefe do Governo e estrita obediência aos programas e princípios contidos neste memorando.

7. Adesão: A AMP aceitará a adesão de novos membros, desde que se compromentam com os princípios, valores e objectivos contidos neste Memorando e com o Programa de Governo da AMP e por consenso do Conselho da Presidência.

V. Órgãos da AMP

1. A partir da assinatura deste Memorando serão criados os seguintes órgãos:

a) O Conselho da Presidência, composto pelos Presidentes dos Partidos co-signatários do acordo, cuja missão principal é identificar os interesses comuns e velar pelo bom entendimento entre os respectivos partidos, a todos os níveis;

b) A Comissão Executiva Permanente, composta em igual número pelos membros mandatados pelos respectivos partidos para coordenar e implementar todas as decisões tomadas consensualmente;

c) O Secretariado de Apoio Técnico-Administrativo à Comissão Permanente composto equitativamente por representantes de cada um dos partidos;

d) O Conselho de Jurisdição composto por igual número de membros, nomeados pelos respectivos partidos para fiscalizar a actuação dos membros e outros órgãos da AMP, quer no Parlamento ou fora dele e quando possível recomendar ao Conselho da Presidência os mecanismos de resolução de todas as queixas apresentadas.

2. A Presidência da AMP é rotativa e anual e inclui a indicação de um porta-voz e de um Secretariado de Apoio a Presidência, bem como toda a responsabilidade logística na condução de trabalhos nas reuniões mensais da AMP.

3. As Comissões Mistas: Os partidos co-signatários deste memorado concordam ainda, a partir desta data, estabelecer em todos os Distritos, Sub-distritos, Sucos e Aldeias de Timor-Leste, Comissões Mistas para, desde já trabalharem conjuntamente para a prossecução dos objectivos da AMP.

4. As Jornadas Parlamentares: Serão organizadas anualmente, pelos menos duas ou três vezes, “Jornadas Parlamentares” para os Deputados e membros do Governo da AMP sobre temas de actualidade e interesse nacional.

VI. Governo da AMP

1. O Chefe do Executivo e o Presidente do PN: O Conselho da Presidência da AMP decidirá em consenso, no início da legislatura e sempre que necessário, sobre os critérios mais adequados para a escolha do candidatos da AMP para os lugares de Primeiro-Ministro e Vice Primeiro-Ministros, bem como Presidente do Parlamento Nacional e seus Vice-Presidentes.

2. A Composição do Gabinete: A atribuição de pastas governamentais basear-se-à no princípio da qualidade dos candidatos, na proporcionalidade dos votos obtidos por cada um dos partidos e, sempre que possível no equilíbrio do género, em consulta com o candidato da AMP a Primeiro-Ministro.

3. O Programa e Estrutura de Governo: Um Grupo Técnico Especializado composto por igual número de membros pertencentes aos partidos políticos co-signatários deste acordo, serão os responsáveis pela harmonização dos programas dos respectivos partidos e estrutura do Governo.

VII. Duração e Dissolução da AMP

1. O presente acordo é válido por cinco anos, até às eleições legislativas de 2012.

2. Os partidos políticos co-signatários deste memorando de entendimento comprometem-se a avançar juntos com uma única lista ao Parlamento Nacional caso houver eleições intercalares.

3. A AMP poderá dissolver-se nas seguintes situações:

a) por queda do Governo;
b) por acordo dos Presidentes dos partidos co-signatários deste memorando;
c) ou quando os termos deste memorando forem deliberadamente violados por um dos seus co-signatários, não havendo justificação nem recomendação de resolução pelo Conselho de Jurisdição.

VIII. Casos Omissos

Os casos ómissos devem ser resolvidos por consenso pelo Conselho da Presidência.

Dili, 10 de Julho de 2007

O Presidente do ASDT:..... (assinado)
O Presidente do CNRT:..... (assinado)
O Presidente do PD:..... (assinado)
O Presidente do PSD:..... (assinado)

Publicada por Malai Azul em http://timor-online.blogspot.com/

Carta aos Amigos Timorenses III - Contradições

Zacarias da Costa, presidente do Conselho Nacional do Partido Social-Democrata (PSD) e porta-voz da AMP, a recém-formada Aliança com Maioria Parlamentar disse em conferência de imprensa que «Se escolhêssemos ficar todos no Governo, o povo não saberia fazer a diferença em 2012»,(...) é claro: se houver eleições intercalares, iremos apenas como um bloco, como aliança».

Será que o povo agora, se houver novas eleições, também não saberia fazer a diferença entre a FRETILIN e a AMP, formada só depois dos resultados das eleições pela CNRT, ASDT/PSD e PD?

Certamente que muitos timorenses votaram num determinado partido e não na Aliança que reuniu à pressa à volta da CNRT, que pensava ganhar as eleições com 80% dos votos, como afirmou Xanana à revista "Visão".A única coisa que une verdadeiramente os partidos na AMP é o ódio à FRETILIN.

Os timorenses lá sabem porque é que não votaram maioritáriamente em Xanana eu penso que talvez tenha sido porque o mito do guerrilheiro se perdeu na realidade da política.

Porque é que não fizeram uma aliança antes das eleições, como a ASDT/PSD fizeram?

Se chegar ao poder, quanto tempo durará esta aliança heterogénea? Os cinco anos previstos?

Timor precisa é de um governo que solidifique a democracia e que prepare o futuro, ainda não se pode dar ao luxo de brincar às grandes democracias, com querelas entre politicos e partidos, precisa de construir o país para que seja viável e credível e que tire o povo da miséria.





Fernando Cabrita Moreira/Entre Cais

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Timor-Leste/Eleições: Aliança de partidos quer «maioria forte e oposição forte»

A recém-formada Aliança com Maioria Parlamentar (AMP) manifestou-se hoje contra a formação de um Governo com a Fretilin, defendendo a existência «de uma maioria forte e de uma oposição forte».

«A Fretilin não foi clara na ideia de inclusão», afirmou Zacarias da Costa, presidente do Conselho Nacional do Partido Social-Democrata (PSD) e porta-voz da AMP, na divulgação do memorando de entendimento entre os quatro partidos da aliança.

«Gostaríamos de ver na nossa jovem democracia uma maioria forte e uma oposição forte no Parlamento. Hoje temos esses ingredientes«, acrescentou.

«Não podemos aceitar quando um Governo é minoritário e deseja forçar estarmos todos juntos na mesma caixa», declarou Zacarias da Costa, sublinhando a importância da «alternância de poder».

«A oposição poderá ser forte se (a Fretilin) aceitar ficar«, explicou o porta-voz da AMP, que reúne os quatro partidos mais votados da oposição nas legislativas de 30 de Junho.

O memorando de entendimento que formaliza a AMP foi apresentado por Zacarias de Costa pelo PSD, por Duarte Nunes, vice-secretário-geral do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), Gil Alves, secretário-geral da Associação Social Democrática Timorense (ASDT), e Adriano do Nascimento, primeiro-vice-presidente do Partido Democrático (PD).

A Fretilin ganhou as eleições com 29,02 por cento dos votos, seguida do CNRT (24,1 por cento), da coligação ASDT/PSD (15,73 por cento) e PD (11,3 por cento).

«Se escolhêssemos ficar todos no Governo, o povo não saberia fazer a diferença em 2012», afirmou Zacarias da Costa num encontro com a imprensa.

No memorando, a AMP «aceita sem reservas a suprema responsabilidade e o desafio soberano da governação de Timor-Leste».

Adriano do Nascimento explicou que o memorando da AMP «não é a rejeição do convite da Fretilin», endereçado por carta a todos os partidos com assento parlamentar.

«Não rejeitamos a carta da Fretilin, mas encorajamos a democracia e a qualidade da governação«, explicou o dirigente do PD.

«Nos cinco anos passados, a Fretilin tinha maioria absoluta mas não deu voz à oposição e não a incluiu no Governo», acusou Zacarias da Costa.

Sobre a natureza da AMP como novo partido, o dirigente do PSD explicou que «os mecanismos dentro da Constituição são claros: se o Parlamento rejeitar por duas vezes o programa, teremos eleições antecipadas. E também o nosso memorando é claro: se houver eleições intercalares, iremos apenas como um bloco, como aliança».

«Eu, no lugar da Fretilin, aceitaria ficar na oposição porque se houver nova crise e mais instabilidade, a responsabilidade não será nossa mas deles«, disse.

«Nós estamos numa posição bastante confortável no Parlamento em que podemos garantir estabilidade e podemos garantir a resolução dos problemas deste país», adiantou Zacarias da Costa.

«Nós estamos prontos«, concluiu.

Diário Digital / Lusa

11-07-2007 5:34:00

Nova legislatura timorense deve principiar em Setembro

Público, 10.07.2007
Jorge Heitor

24% foi o resultado obtido nas legislativas pelo CNRT, o partido formado pelo antigo Presidente Xanana Gusmão

A Comissão Nacional de Eleições de Timor-Leste divulgou ontem a acta de apuramento das legislativas de 30 de Junho, mas o deputado Clementino Amaral (que foi vice-presidente do KOTA e agora está no CNRT) declarou ao PÚBLICO que o novo Parlamento só deverá iniciar os trabalhos em Setembro, quando acabar a actual legislatura. De acordo com a acta a publicar no Diário da República, a Fretilin conseguiu 29,02 por cento dos votos válidos, a CNRT 24,10 e a coligação ASDT-PSD 15,37 por cento.

O partido histórico de que é secretário-geral Mari Alkatiri convidou o PD, de Fernando "Lasama" Araújo, a juntar-se-lhe, com os seus 11,30 por cento de votos. Mas este preferiu aderir ao bloco do antigo Presidente Xanana Gusmão, que assim se considerou em posição para formar Governo. O actual chefe de Estado, José Ramos-Horta, já escutou as posições do grupo formado por Xanana, Francisco Xavier do Amaral, Mário Carrascalão e "Lasama" Araújo, devendo conceder hoje audiência à Fretilin.

O artigo 106 da Constituição timorense admite que em princípio o partido mais votado deverá ser convidado a tentar a governação, mas também reconhece que, se acaso o não conseguir, a oportunidade poderá ser dada a uma aliança de outras formações.

Aos 21 deputados eleitos pela Fretilin talvez se possam juntar os dois que cabem à Aliança Democrática formada pelo KOTA, de Manuel Tilman, e pelo Partido do Povo de Timor (PPT), de Jacob Xavier, jurista e teólogo. E até mesmo os dois da Unidade Nacional Democrática da Resistência Timorense (Undertim), de Cornélio da Conceição Gama. Mas mesmo assim nunca se iria além de 25, num Parlamento de 65 lugares.

10 juillet 2007

Aliança com Maioria Parlamentar tem memorando já assinado

Os quatro maiores partidos da oposição em Timor-Leste assinaram hoje um memorando para a constituição da Aliança com Maioria Parlamentar (AMP), preparando uma estrutura comum para o caso de formarem governo.


O memorando de entendimento "põe em marcha os preparativos da aliança para que, se o Presidente da República nos convidar a formar governo, a AMP avance de imediato", afirmou à agência Lusa um dirigente do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT).

Além do CNRT, integram a AMP a coligação da Associação Social Democrática Timorense com o Partido Social Democrata (ASDT/PSD) e o Partido Democrático (PD).

O Partido de Unidade Nacional (PUN) apoia a aliança de oposição sem a integrar formalmente.

O CNRT, que obteve 24,10 por cento dos votos nas legislativas de 30 de Junho, manifestou-se "disponível para considerar iniciativas de entendimento" com o partido mais votado, a Fretilin, que obteve 29,02 por cento dos votos.

A Fretilin endereçou cartas a todos os partidos com assento no Parlamento eleito, avançando com a ideia de um governo de "grande inclusão".

O memorando da AMP será apresentado às 09:30 de sexta-feira (01:30 em Lisboa).

O mesmo dirigente do CNRT afirmou à Lusa que "está muito difícil" encontrar uma plataforma comum entre a AMP e a Fretilin.

"Não é só difícil entre os dirigentes. Os nossos eleitores ligam para aqui a perguntar o que pensamos fazer aos cem mil votos que nos deram", explicou o dirigente, que pediu para não ser identificado.

"Os nossos colegas da Fretilin dizem-nos que têm a mesma pressão das bases", acrescentou a fonte depois de ser mais uma vez interrompida pelo telemóvel.

"O entendimento mais difícil da Fretilin não é sequer com o CNRT, mas com a ASDT/PSD", concluiu o dirigente do partido de Xanana Gusmão.

Pelo memorando de entendimento hoje assinado, os quatro partidos da AMP pretendem conciliar os seus recursos numa única estrutura, algo que será estudado por um grupo técnico.

Notícias Lusófonas [ 10-Jul-2007 - 16:10 ]

CNRT disponível para iniciativas de entendimento com a Fretilin

O Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, está disponível para um entendimento com a Fretilin, refere uma carta enviada ao líder do partido vencedor das eleições.


"Como Aliança, estamos disponíveis a considerar iniciativas de entendimento, desde que promovidas por Sua Excelência o Presidente da República, para garantir a unidade e estabilidade nacionais", escreveu o presidente do CNRT, Xanana Gusmão, na carta enviada a Francisco Guterres "Lu Olo", líder da Fretilin.

"Esta carta é uma abertura, ainda não é um compromisso", explicou um dirigente do CNRT.

A carta com data de 09 de Julho, endereçada a "Lu Olo" como presidente da Fretilin, com cópia ao Presidente José Ramos Horta, é a resposta ao convite para um governo de "grande inclusão" feito a 06 de Julho pelo partido vencedor das eleições aos outros partidos com assento parlamentar.

A Fretilin venceu as legislativas de 30 de Junho com 29,02 por cento dos votos.

"Concordámos que de facto 'o Povo de Timor-Leste decidiu atribuir a maioria simples à Fretilin' e, por isso, a distribuição de votos veio permitir a 'Aliança com maioria parlamentar' recentemente constituída pelos quatro principais partidos, incluindo o partido CNRT", recorda a carta de Xanana Gusmão.

O ex-chefe de Estado acrescenta que os quatro maiores partidos da oposição têm "a maioria absoluta de assentos no Parlamento Nacional, com um total de mais de 200 mil votos".

A aliança de oposição inclui o CNRT, a coligação Associação Social Democrática Timorense/Partido Social Democrata (ASDT/PSD) e o Partido Democrático (PD), além do apoio não formalizado do Partido de Unidade Nacional (PUN).

"Sem dúvida, o povo exige uma rápida e justa solução para a crise que foi criada pelos anteriores governos", nota a missiva do CNRT.

"Nesse sentido, também concordamos que todos devemos respeitar o seu sentido de voto", acrescenta.

O presidente do CNRT refere que os anseios do povo timorense "pela paz, estabilidade, justiça e desenvolvimento" reflectiram-se no resultado das últimas eleições.

"Por isso, não podemos nem devemos frustrar as expectativas do eleitorado", conclui Xanana Gusmão na sua carta ao presidente da Fretilin.

Os presidentes dos quatro partidos aliados reúnem-se ao fim da tarde em Díli (início da manhã em Lisboa) para concluir "e talvez assinar" um memorando de entendimento, afirmou fonte do CNRT.

"A resposta ao convite da Fretilin está a ser dada por cada um dos partidos, mas a aliança pretende criar um conselho de presidência para agir como uma única voz", explicou o mesmo dirigente, que não quis ser identificado "por razões de segurança".

Notícias Lusófonas [ 10-Jul-2007 - 15:14 ]

O toca-e-foge com Reinado

No domingo fui às montanhas almoçar com o major Alfredo Reinado, o rebelde em fuga. Comemos arroz e iscas com salada. Foi um almoço tardio mas cheio de surpresas. Contarei pormenores sobre esse encontro na edição em papel do Expresso do próximo fim-de-semana. O Expresso publicará também, na edição online, uma entrevista com ele. Neste momento, Reinado está cercado pelo exército australiano. Ao contrário do que foi noticiado na semana passada, ele não tem um salvo-conduto. O cerco dura desde domingo à noite e não se sabe como nem quando irá terminar.

Fui há pouco a Camp Phoenix, o quartel-general da Forças de Estabilização Internacionais (ISF), em Caicoli, e falei com o tenente-coronel Robert Barnes. «A captura do major Reinado é uma decisão do governo timorense. Terá de lhes perguntar». Claro que recusaram dar-me boleia de helicóptero até ao cerco. «Não levamos jornalistas nas nossas operações». O que será que irá acontecer? Será este o momento ideal para tentar a captura do major, quando há tensão e impasse no circo político? A última vez que tentaram, Díli entrou em caos. Na noite de 3 para 4 de Março, enquanto os Black Hawks disparavam sobre Same, as ruas da capital eram bloqueadas com pneus a arder, pedregulhos e objectos pesados. Ouvi falar de um cofre gigante no meio do asfalto que teve de afastado com uma retroescavadora.

Até ao fim-de-semana, a situação política em Timor deverá ficar mais clara. Hoje, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) entrega os resultados aprovados das eleições legislativas de 30 de Junho ao Tribunal de Recurso, que se espera dar o seu aval amanhã, permitindo a partir daí ao presidente Ramos-Horta decidir quem vai formar governo: a Fretilin de Mari Alkatiri, o partido mais votado (29%), ou a aliança de Xanana Gusmão, com a maioria dos assentos parlamentares. Ou a um entendimento entre as duas partes. Sinto muito pessimismo no ar. «Se os líderes políticos estão a gerar confusão sobre quem deve governar, como é que o povo, 90 por cento dele iletrado, vai entender qual é a solução realmente justa?», dizia hoje um timorense letrado no bar do Hotel Timor. «Podemos entrar numa crise pior do que a do ano passado».

O taxista que me levou a Camp Phoenix questionava-se: «A Fretilin ganhou as eleições. Como é que agora Xanana convenceu outros partidos e quer o poder para ele? Não pode». Pode? Não pode?

E agora, algo verdadeiramente surpreendente: a vida real em Díli. Se alguém tiver um ataque cardíaco aqui o mais provável é que morra. O Hospital Valadares, o maior e mais bem apetrechado do país, não tem uma única sala de cuidados intensivos nem uma máquina de suporte de vida. O mais dramático é que há uma política diferente de apoio de emergência para os internacionais (incluindo portugueses) e para os timorenses. Se o moribundo é estrangeiro, com alguma sorte um avião das ISF leva-o até à Austrália. Se é timorense, fica para morrer. Lei dura.

Micael Pereira, enviado especial a Timor-Leste
Publicado terça-feira, 10 de Julho de 2007 10:29 por Expresso Multimedia

Helicópteros australianos sobrevoam zona onde está Reinado

Helicópteros das Forças de Estabilização Internacionais (ISF) sobrevoam há dois dias a zona onde se encontra o major fugitivo Alfredo Reinado, segundo informações de residentes em Same sem confirmação oficial.


Residentes da vila de Same, distrito de Manufahi, no sul do país, contactados por telefone pela agência Lusa, afirmaram que helicópteros das ISF sobrevoam desde domingo algumas aldeias a leste e a sul da localidade, junto à costa do Mar de Timor.

Alfredo Reinado, ex-comandante da Polícia Militar procurado por posse ilegal de material de guerra e por rebelião, terá voltado ao subdistrito de Mahakidan, onde há três semanas esteve o Presidente da República, José Ramos-Horta.

Postos de controlo com viaturas militares australianas foram levantados na estrada entre Same e Betano, no litoral, segundo os mesmos residentes.

Um porta-voz das ISF contactado pela Lusa recusou comentar a situação em Same e repetiu apenas que as forças internacionais "continuam a operação de segurança e estabilização assistindo as autoridades de Timor-Leste".

Fonte oficial da missão das Nações Unidas (UNMIT) declarou à Lusa que "Alfredo Reinado, acompanhado de cerca de 20 homens armados com espingardas automáticas, visitou domingo passado a esquadra da Polícia da ONU em Same", exibindo o salvo-conduto passado pelo procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, em representação do Estado timorense.

"O encontro durou cerca de vinte minutos e durante a conversa o comandante da UNPol disse ao major Reinado que ele não podia circular com aquelas armas", acrescentou a mesma fonte oficial.

"Esperamos que o anúncio do cancelamento das operações de captura de Reinado feito pelo Presidente da República produza resultados positivos e que Alfredo Reinado se entregue à justiça e entregue as suas armas, como várias vezes prometeu fazer", disse ainda a fonte da UNMIT.

Sexta-feira passada, o Presidente José Ramos-Horta recebeu no Palácio das Cinzas, em Díli, o deputado independente Leandro Isaac, que desde o final de Fevereiro esteve com Alfredo Reinado em Same.

Notícias Lusófonas [ 10-Jul-2007 - 15:10 ]