Lisboa, 08 Ago (Lusa) - Mais de 50 pessoas foram detidas em resultado dos incidentes registados terça-feira em Baucau, leste de Timor-Leste, disseram hoje à Lusa residentes naquela cidade, a segunda mais importante do país.
A tensão verificada ao longo de terça-feira, marcada pela destruição de edifícios do Estado e bens da Diocese de Baucau e de privados foi hoje atenuada com a chegada de dois veículos blindados e de um veículo todo-o-terreno do sub-agrupamento Bravo da GNR, que integra a polícia das Nações Unidas (UNPOL), coincidiram testemunhos de residentes contactados telefonicamente pela Lusa a partir de Lisboa.
As detenções foram efectuadas por agentes da Polícia Nacional de Timor-Leste e por efectivos da UNPOL estacionados em Baucau, que dista 120 quilómetros de Díli.
Os causadores dos incidentes, alegados apoiantes da Fretilin, expressaram de forma violenta o protesto pela escolha de Xanana Gusmão para liderar o IV Governo Constitucional, hoje empossado na capital timorense pelo Presidente José Ramos-Horta.
O reforço da segurança em Baucau está também desde hoje a ser protagonizado por militares timorenses, pertencentes ao 1º Batalhão das Falintil -Forças Armadas de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), aquartelado junto ao aeroporto da cidade, adiantaram os residentes contactados pela Lusa.
Em resultado dos incidentes, o comércio em Baucau manteve hoje as portas fechadas e o mercado novo, localizado na parte alta da cidade também não funcionou, por ausência de comerciantes.
Entre os bens públicos e privados destruídos terça-feira figura a sede da Fundação Alola, uma instituição não-governamental que presta assistência em diferentes sectores e gere diversos programas de formação e ajuda, fundada e dirigida por Kirsty Sword-Gusmão, mulher do ex-Presidente da República e novo primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão.
Na mesma área de Baucau, em Vila Nova, na parte alta da cidade, foi incendiado o restaurante Benfica e o edifício da Administração Estatal, e ainda a parede exterior da antiga gráfica da diocese, onde ainda funciona a administração, depois de a tipografia ter sido transferida para a parte alta da cidade.
Um incêndio destruíu igualmente o infantário da Caritas diocesana, embora um residente ouvido terça-feira pela Lusa tenha refirido que "o ataque encobriu provavelmente um roubo, porque o recheio do infantário foi levado pelos atacantes".
Outros estragos verificaram-se na Pousada do Bom Sossego e na residência dos professores portugueses, que ficaram unicamente com parte dos vidros partidos devido ao arremesso de pedras.
EL.
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