29 novembre 2011

O FADO É PATRIMÓNIO IMATERIAL DA HUMANIDADE

A UNESCO elegeu hoje, domingo 27 de novembro, o Fado e também os Mariachi Mexicanos como fazendo parte do Património Imaterial da Humanidade, juntando-se assim ao Fandango e ao Tango!

A nossa canção lisboeta ou nacional é agora da humanidade e estamos todos de parabéns.
Pertenço a uma geração que identificava ao regime diatorial fascisante de Salazar de má memória, os três F de Fátima, Futebol e Fado.
Quanto a Fátima ainda não me habituei, quanto ao futebol ainda acho que é um anestesiante face aos verdadeiros problemas da vida e que não passa de uma grande negociata mas lá vou vendo um ou outro jogo mas quanto ao fado, isso mudei radicalmente de ideias, hoje não posso passar um dia sem o ouvir e sentir e quando trina da guitarra portuguesa vibro de emoção.
Percebo que haja gente que não aprecie o fado, sobretudo entre os jovens, até porque não se pode agradar a todos e o fado ou é muito melancólico e lento ou quando é mexido é muito à maneira folclórica que hoje pouco diz aos jovens citadinos, neste aspeto há qualquer coisa a fazer mas já há uma nova musicalidade e também melhores poemas que os jovens fadistas têm trazido a exemplo do que fizera Amália.
A continuação e a renovação do fado já estavam garantidas com a nova geração de artistas mas o facto de pertencer agora à Humanidade dá-lhe mais importância e responsabilidade.

VIVA AO FADO

24 novembre 2011

A GREVE GERAL, OS TRABALHADORES, A RTP E O GOVERNO!

Acabo de ouvir a notícia que, segundo o Governo, só cerca de 3,6 % dos funcionários da administração central aderiram à Greve Geral de hoje... com notícias destas, que lembram tempos ídos, à gente, os que redigiram o "estudo" sobre o futuro da RTP, pensa que é assim que deve funcionar a RTP internacional e talvez não só!

Não entendo o ódio que este governo de "Apressado" Coelho tem em relação à RTP (como aliás todos os governos PSD, talvez por o seu correlegionário Pinto Balsemão ser o patrão da SIC), até porque ao ouvir o Jornal da Tarde de hoje mais parecia uma televisão governamental do que outra coisa. O telejornal foi emitido execionalmente de Lisboa, sem que nada seja dito, com o apresentador do Bom Dia Portugal transformado em porta voz do governo!

A voz na rua foi dada só aos fura-greves e até parecia que o movimento se resumia aos transportes em Lisboa e para além de mostrarem alguns piquetes de greve e da polícia em os desativar e quanto a falar só tiveram direito os dirigentes sindicais da CGTP e da UGT e a meio do telejornal, também uma enfermeira dirigente sindical do Hospital de S.João, no final, enfim, uma notícia das greves nos transportes no Porto e na CP.

Um telejornal para esquecer (ou até talvez não) que pôs mais em evidência os piquetes de greve e até a violência de mini-atentados a três delegações do Ministério das Finanças em Lisboa (prepertados durante a noite que, apresentados desta forma, até podiam ser associados aos grevistas) do que destacarem a participação e a razão da própria greve: a defesa da Liberdade e do poder de compra dos trabalhadores, contra as medidas de austeridade impostas pela Troika e pelo governo.

21 novembre 2011

O QUE SE PASSA POR CÁ E LÁ FORA...

A partir de hoje vou tentar ser mais regular na minha página ENTRE CAIS até porque tenho muitas ideias para partilhar:

começa pela atualidade que vai das eleições em Espanha que deu a vitória à direita mas também aos pequenos partidos até há nomeação pela finança internacional de dois primeiro-ministros um na Itália e outro na Grécia (por Portugal não há qualquer problema porque o primeiro-ministro eleito cumpre a preceito o que lhe é ditado pela troika e às vezes até vai mais além do que é pedido para ser tido como um aluno bem comportado, em Espanha também não deve haver qualquer problema, gente da mesma família...),

há a Revolução Árabe em marcha, há dinheiro para dons do Governo à Igreja mas não há para dons de orgãos, duas pessoas morrem por dia nas estradas portuguesas devido a acidentes, apesar das boas estradas que agora temos, os políticos do PSD (e alguns do PS) continuam-nos a brindar com histórias mirabolantes e muito mais.

O galego Mariano Rajoi (Galiza que brinda por dar à Espanha governantes muito conservadores) venceu, como previsto, as eleições legislativas espanholas e sem apresentar um programa eleitoral mas, toda a gente sabe que vai sangrar, vai haver cortes em tudo, só não haverá, diz, nas pensões (ao contrário de Portugal onde "Apressado" Coelho cortou e a sério!). Foi, como em 2004, um voto sanção contra as mentiras do Governo, então com o PP de Aznar a implicar a ETA nos antentados ferroviários de Madrid que n~~ao cometeu e agora com o PS de Zapatero a dizer que tudo corria bem quando o país se estava a afundar.

Já repararam que a Espanha vai sempre atrás de Portugal, foi assim pelos menos nos Descobrimentos, na queda do fascismo e agora!!!

É de assinalar também a subida da abstenção (e não me venham dizer que foi o mau tempo, foi antes o mau humor!) e a subida dos pequenos partidos (quebrando um pouco a hegemonia dos dois grandes partidos: PP e o PSOE) em particular o Partido nacionalista Basco.

Também no Mediterrâneo mas, lá mais para Leste, na Itália e na Grécia, foram nomeados pela finança internacional (FMI e BCE com o aval da Comissão Europeia e da patroa, a chanceler alemã Merckel) dois governos de tecnocratas, não foram portanto eleitos democráticamente, foram impostos por entidades que também nunca foram eleitas!

Entretranto a Bélgica continua sem governo e tudo, por agora, vai bem! Não se pode dizer a mesma coisa deste jardim à beira-mar plantado, chamado Portugal, onde o governo, como se não houvesse mais nada para fazer, já se transformou em comissão liquidatária do Estado, começou pela Cultura e pela RTP, agora continuou com a Saúde e em breve sem dúvida vai atacar o Ensino! Enfim, o Povo português lá vai manifestar-se um destes dias, não resolverá nada para já mas sempre desanuvia, o povo talvez acorde lá para a primavera! Não é que agora o primeiro-ministro « Apressado » Coelho anunciou que vai entregar às Misericórdias 15 dos vinte e poucos hospitais nacionalizados pelo 25 de abril e que vai pagar as dividas que o Estado tem às mesmas, eu que julgava que já não havia dinheiro para mais ninguém... e lá vai mais gente para o desemprego! Lembro-me que há uns anos, poucos, um hospital no Minho de uma Misericórdia era gerido e mal por uma empresa privada espanhola. Hoje mesmo vi uma reportagem na televisão que revelava a má gestão da Misericórdia da Covilhã que está à beira da falência ... e lá vai mais gente para o desemprego! O pior ainda é quando penso na pessoa que está agora à frente da Misericórdia de Lisboa (mesmo que esta não pertença à Igreja), até me arrepio... Quando o governo diz que não tem dinheiro mas que no fundo tem para entregar às Misericórdias (da Igreja) e para a Banca mas não tem para o Banco Público de Células Estaminais até talvez porque « Apressado » Coelho quando houve falar em público, fica logo com pressa de acabar com ele. Também ouvi dizer que não há dinheiro para os dons de orgãos (Portugal até era um dos pioneiros logo a seguir à Espanha), que há mil e tal médicos a mais, eu que sempre ouvi dizer que havia falta de médicos e os jovens médicos estão a emigrar!

E assim se vai destruindo o Serviço Nacional de Saúde!

Por falar de Igreja, na Bélgica foi divulgado que padres pedófilos foram protegidos durante muitos anos pelo silêncio das autoridades eclesiásticas!

Mas nem tudo é negro, se por um lado a saúde vai ficando ainda mais a desejar (e talvez por isso) o governo vai tentar salvar algumas vítimas da autêntica guerra rodoviária, que provoca em média duas mortes por dia, ao instalar redares de controlo de velocidade nas zonas de maior número de acidentes. A Justiça também dá uma boa notícia ao ocupar-se enfim de casos relacionados com altas personalidades do país como do antigo deputado e líder parlamentar do PSD Duarte Lima que se encontra de prisão preventiva. O julgamente da « Face oculta » em que está indiciado o socialista Armando Vara, lá continua mas, quem continua a conseguir escapar à prisão a que está condenado é Isaltino Morais, presidente de Oeiras, antigo membro e até ministro do PSD.

Enfim as « Revoluções Árabes » lá vão continuando: na Tunísia já houve eleições e de onde não tem havido notícias, no Egito, tudo vai mal, nada mudou e tudo indica que os miltares gostam muito do poder e voltam a reprimir os manifestantes, mesmo se continuam a anunciar a realização de eleições, na Síria, as manifestações e as mortes continuam sem se vislumbrar uma luz ao fundo do túnel, na Líbia a guerra acabou e o clã Kadhafi também, com a prisão do último filho em fuga mas, poucas notícias vêm de lá, nem boas nem más, na Arábia Saudita a tirania continua com a proteção das Democracias Ocidentais...

17 novembre 2011

AINDA SOBRE A COMISSÃO "LIQUIDATÁRIA" DA RTP!


Realço este artigo de Daniel Oliveira que exprime mais ou menos o que eu penso sobre o assunto que bem conheço e me apaixona, bem melhor do que a maior parte dos membros da Comissão "liquidatária" da RTP nomeada pelo ministro Relvas.

Daniel Oliveira: Antes pelo contrário Um grupo que fez uma redação sobre a RTP

Daniel Oliveira (www.expresso.pt) 8:00 Quarta feira, 16 de novembro de 2011

Espera-se que um grupo de estudo seja constituído por especialistas. No caso do serviço público de comunicação social há, em Portugal e em todo o Mundo, obra imensa publicada. Estudos, teses, ensaios. Está longe de ser matéria por desbravar. O relatório do grupo de estudo para a RTP e Lusa, fora algumas boas intenções preliminares sem qualquer tradução em propostas práticas, é um insulto. Um insulto à inteligência e à competência, tal a vacuidade e a falta de rigor deste documento. Diz-se, por exemplo, que os EUA "não possuem 'serviço público' de comunicação social com relevância mínima". O rede radiofónica pública (NPR) tem 34 milhões de ouvintes por semana. Tem uma relevância máxima. É só um dos muitos disparates que ali se escrevem, em que os dados históricos sobre a televisão pública na Europa são talvez os mais confrangedores, arriscando-se mesmo a fazer repetidas ligações entre regimes ditatoriais e a ideia de serviço público de televisão. Esperemos que os senhores da melhor cadeia televisiva e radiofónica do Mundo, a BBC, leiam esta péssima redação de secundário para se rirem um pouco. Mas não espanta. Naquele grupo de pessoas, as únicas que sabiam alguma coisa sobre o assunto demitiram-se. Ficou uma: Eduardo Contra Torres. Que, como sabe quem está envolvido no meio, demasiadas vezes subalterniza os seus conhecimentos em favor de vinganças mesquinhas e ajustes de contas políticos. E que defendeu, numa entrevista recente, um serviço público de televisão sem informação, uma originalidade mundial. De resto, o que ali havia era uma agenda ideológica sem qualquer sustentação técnica. A começar pelo presidente da Comissão, o gestor teórico João Duque, que sabe tanto de comunicação social e audiovisual como eu sei de agropecuária. Ao aceitar dirigir um grupo de trabalho que iria estudar um assunto que não domina deu um péssimo exemplo aos seus alunos. Antes de mais, seria importante responder a esta pergunta: para que precisamos nós de um serviço público de televisão? Não faltam diferentes posições nesta matéria. Só que este grupo padecia, logo à partida, de um grave problema: a maioria dos seus membros acha, na realidade, que não precisamos de serviço público de televisão. Tem feito disso um combate político. Foram convidados para propor mudanças num serviço em que não acreditam. O que, convenhamos, faz pouco sentido. Se é essa a sua posição, não é necessário estudo nenhum. Deixo aqui a minha opinião. Que é isso apenas: uma opinião. Nunca chegaria para fazer um relatório. O serviço público de televisão deve ser, antes de mais, um garante do pluralismo. As televisões comerciais dependem exclusivamente do lucro. E é esse o primeiro e único critério que têm. Reparem que eu não escrevi que dependem das audiências. Não é exatamente a mesma coisa. Nem sempre as telenovelas, os concursos mais idiotas ou os enlatados são o que tem mais audiência. Têm é uma relação custo/audiência mais favorável. Porque são, regra geral, dentro dos programas mais populares, os mais baratos de produzir. Assim como um noticiário feito de pequenos crimes locais é mais barato de fazer do que ter jornalistas a fazer uma investigação de meses ao caso BPN ou enviados aos grandes acontecimentos internacionais. Ou seja, quando se diz que não há serviço público sem público não se está a criar uma dicotomia irresolúvel. Está a dizer-se que o serviço público está no ponto de equilíbrio entre a ideia de prestar um serviço à comunidade e essa comunidade consumir esse serviço. Um exemplo, para facilitar: o programa "Conta-me como foi", tendo sido resultado de uma adaptação de um modelo espanhol, cumpria plenamente a sua função. Era entretenimento, tinha excelentes audiências e dava a novas e velhas gerações um retrato do que foi a sociedade portuguesa. Só que cada episódio sai mais caro do que os dos "Morangos com Açúcar". O que fazia aquele programa? Concorrência aos privados. Nivelando por cima. E ao fazer isso ajudava a melhorar a oferta geral. Ou seja, no panorama geral de estupidificação dos públicos, em que os concorrentes oferecem quase todos o mesmo, abria uma outra possibilidade, permitindo o pluralismo da oferta. Isto não se faz contratando "serviço público" aos privados, que eles atiram para horas mortas. A televisão pública também deve garantir o pluralismo político. E ele não se resume, como parece defender a ERC, a medir o tempo dado a cada partido político. Nem a televisão é um guichet burocrático de tempos de antena, nem a política se esgota nos partidos. A obrigação de uma televisão pública é dar aos cidadãos o conjunto de pontos de vista mais significativos sobre um qualquer problema, não permitindo que o debate se estreite e a democracia empobreça. O melhor exemplo é o do tratamento dado à crise económica atual. Com honrosas exceções - de que o "Prós e Contras", com todos os seus defeitos e limitações, até tem sido um bom exemplo e de que o programa "Plano Inclinado" foi, talvez, o pior dos exemplo -, ouvimos sempre e apenas uma mesma versão dos factos. E nada é mais discutível dos que os factos. O problema dos privados não é não darem voz às minorias. É darem voz a quem entendem. Por vezes, apenas às minorias. Esperando que elas se tornem maiorias. Porque respondem apenas aos seus proprietários, sem qualquer obrigação para com a comunidade. Por outro lado, a televisão pública deve ser um garante de independência. Não é uma posição fácil, tendo em conta a sua dependência política e financeira perante o governo. Tem, no entanto, a vantagem de, sendo de todos e pago por todos, ter de corresponder às exigências de todos. Repararão que somos quase sempre mais exigentes com a televisão pública, o mais escrutinado de todos os órgãos de comunicação social. E, apesar da sua má fama, o telejornal da RTP tem sido, não apenas o mais plural, como aquele que, cedendo menos (mas ainda demais) à facilidade, consegue, de longe, as melhores audiências. E quando acontece alguma coisa relevante - desastres naturais ou eleições, por exemplo - os seus shares são ainda mais esmagadores. Uma das mais extraordinárias tónicas do relatório prende-se exatamente com a suposta falta de independência da RTP. A lógica é esta: com base em pressupostos que nem se preocupa em comprovar, propõe a redução ao mínimo da informação. Antes de mais, seria preciso provar que o "pluralismo é garantido pelo próprio funcionamento do mundo da comunicação social em democracia". Poderia ficar aqui horas a mostrar como isso é, para dizer o mínimo, discutível. Houve quem apresentasse propostas para reforçar a independência da RTP. A principal é esta: mudar radicalmente o processo de nomeação da sua administração. Fico por uma proposta que já fiz, com a certeza de que haverá outras melhores: nomeação por dois terços do parlamento do presidente do conselho de administração - que só posteriormente escolheria a sua equipa, para evitar as costumeiras partilhas de poder pelo PS e PSD -, com um mandato único e diferenciado do dos deputados, sem possibilidade de demissão (excluindo casos extremos). Essa nomeação deveria estar vinculada a um contrato-programa com objectivos claros e um orçamento plurianual, dado logo à cabeça, para evitar o uso do financiamento público como forma de pressão. Tutela da RTP pelo Ministério da Cultura (que este governo encerrou, mas quando voltar a sanidade política será reativado) e não na alçada do mais partidário dos ministérios - o da Presidência. Não é uma solução perfeita, mas é uma tentativa. O grupo nem se deu ao trabalho de tanto. Propõe que o "Estado promova um debate alargado", que "a empresa concessionária seja profundamente remodelada" e que "o Estado deve estudar as virtualidades de subsistir o atual modelo institucional do operador público de capitais públicos para o modelo de uma instituição sem fins lucrativos nem concorrenciais". Generalidades vazias. E quando vão ao pormenor, socorrem-se de expressões como a "sociedade civil", que quer sempre dizer tudo e coisa nenhuma. No caso do relatório, quer dizer "fundações privadas". Pois! A proposta, que consta no relatório, de reduzir a informação não é necessariamente má. No sentido em que telejornais mais curtos têm de selecionar e o jornalismo é isso mesmo: seleção. Telejornais de hora e meia são entretenimento. Nem podem ser outra coisa. Mas o relatório diz outra coisa: que os conteúdos informativos devem ser "libertos da crescente dimensão subjetiva e opinativa no jornalismo". Esta frase sobre a "dimensão subjetiva" do jornalismo seria reduzida a pó por qualquer estudante de comunicação social do primeiro ano e, desculpável num leigo, é inadmissível num grupo de estudo. Mas, partindo do princípio que ela quer dizer alguma coisa, supõe-se que se quer acabar com o espaço de opinião (ou transformar toda a teoria sobre o jornalismo e sua subjetividade intrínseca). Pelo contrário, é no espaço de opinião que a falta de pluralismo mais se faz sentir. Telejornais curtos, sem opinião, acho excelente. Mais debates e mais opinião, fora desse espaço, também. O problema é que Duque e Companhia sabem que as suas opiniões - objetivas, está bem de ver - vivem com menos contraditório se essa função ficar exclusivamente no sector privado (o privado já garante o pluralismo, dizem eles). Sobretudo com o novo canal - tipo Fox News - de que se anda a falar. Outra proposta é o fim da publicidade na televisão pública. Mais uma vez, o grupo não fez o trabalho de casa e limita-se a mandar postas de pescada, propondo que se mude o modelo de financiamento sem nada propor realmente. Porque para acabar com a publicidade na RTP - o que, em princípio, não me repugnaria -, tem de haver formas alternativas de financiamento. Falar do princípio do "utilizador/pagador", em canais abertos, e na "aplicação de uma taxa aos diferentes operadores de infraestruturas de transmissão e distribuição de conteúdos audiovisuais e multimédia" (panaceia para todos os imbróglios financeiros de quem quer cortar sem saber como) é a típica solução de quem se pôs num beco sem saída. É que, recorde-se, a RTP foi espoliada de algumas das possíveis fontes de receita, como os retransmissores, pagos pelo erário público e alienados por uma ninharia. É um clássico: tira-se às empresas públicas as suas fontes de sustentabilidade e depois diz-se que não são sustentáveis. Este grupo de estudo quer fazer o mesmo. A coisa é simples: com a RTP roubada de fontes de financiamento que agora poderia aproveitar, o dinheiro ou vem dos contribuintes ou da publicidade. Dói mas não tem saída. Se acabarem com a publicidade, ou aumentam as despesas do Estado ou fecham a RTP. Cheira-me que, se a sua proposta fosse para a frente, era isto que estariam a defender daqui a uns anos. Porque, sem receitas próprias, a RTP é incomportável, dirão então eles. Quanto aos canais temáticos no cabo, tenho opiniões (apenas isso e com a vantagem de não estar a elaborar um relatório para o Estado) sobre a RTP Memória, a RTP Informação, a RTP Internacional e a RTP África. Mas precisaria de mais estudos e números para saber o que deve fechar, o que deve ficar, o que se deve fundir, o que deve mudar e até o que de novo pode abrir. Mas o grupo de bitaites sobre a RTP não precisou. Gosta, não gosta, é bom, é mau, fecha, fica, junta. Tanto diletantismo chega a ser doloroso. Fica uma nota positiva: a defesa de uma aposta maior na programação infanto-juvenil, onde a oferta dos privados está a deixar um rasto de estupidificação das novas gerações. E sobre a ERC nada direi. Não tem nada a ver com o tema nem estava no mandato desta comissão. Nada que a tivesse impedido de, no texto de opinião a que chamaram relatório, dizerem de sua justiça. Para, mais uma vez, escreverem disparates. A parte mais importante deste relatório seria a avaliação do impacto económico da privatização de um dos canais públicos no mercado audiovisual e do conjunto da comunicação social. Está em cima da mesa e não é uma questão menor. Mais um canal privado, com o fim da publicidade na RTP (se a publicidade se mantiver no canal público os números são ainda piores), corresponderia a mais cerca de 438 horas de publicidade por ano - o público pode pôr seis minutos por hora, o privado 12, e podemos considerar apenas 12 horas por dia. Este aumento de cerca de 20% da publicidade televisiva disponível canibalizará anunciantes e baixará o preço geral da publicidade. Os efeitos não se vão sentir apenas (nem principalmente) nos canais privados. Terão imediata repercussão nas rádios e na imprensa, que com eles concorrem no mercado publicitário. Com encerramentos e falências. E com uma significativa redução da oferta informativa e do pluralismo. Ou seja, com sérios riscos para a nossa democracia. Se assim seria sempre, num tempo de crise, quando já há uma séria retração do mercado publicitário e vários órgãos de comunicação social estão com a corda na garganta, os efeitos serão ainda mais rápidos e avassaladores. Disse que seria uma das partes mais importantes deste relatório. Seria mas não foi. Os "achistas" de serviço limitam-se a registar o problema, a pedir atenção ao "timing" e a seguir em frente sem tomar um posição clara ou apresentar dados relevantes sobre a mais importante das medidas que o governo quer tomar neste sector. Porque fazer mais do que isto - e explicar o óbvio: que a privatização de um canal público é calamitosa - contraria a sua ideias feita de que mais oferta televisiva garantirá mais pluralismo. Quando, na realidade, tudo indica que acontecerá exatamente o oposto: mais oferta televisiva significará menos oferta no conjunto da comunicação social. Ou seja, aquilo que nos foi dado a conhecer prova que Miguel Relvas escolheu um grupo de estudo que não estudou (não se cita um único estudo e, fora os números do Orçamento de Estado e uns números genéricos e mal trabalhados - sem estratificação social - sobre audiências dos canais generalistas e por cabo, não há uma única estatística ou dado objetivo neste relatório), escreveu sobre assuntos para os quais não foi mandatado, ignorou o essencial e guiou-se, acima de tudo, por preconceitos ideológicos. Os poucos que tivessem, naquele grupo, alguma credibilidade a defender perderam-na para sempre. Com este texto muito maior do que aconselha este meio, deixei de fora as propostas do Grupo de Trabalho para a Lusa e para as rádios públicas, que seguem a mesma linha disparatada das que fazem para a televisão pública. Ficará para outra oportunidade. Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/-um-grupo-que-fez-uma-redacao-sobre-a-rtp=f687879#ixzz1dv0UV8ze

14 novembre 2011

TENHO VERGONHA !!!

A comissão nomeada pelo governo, para definir o serviço público de televisão em Portugal, acaba de entregar as conclusões (que podem ser lidas em muitos jornais) e pergunto como é possível escrever tanta asneira?... Pobre Portugal!

Trabalhei 30 anos na RTBF, rádio e televisão pública belga de língua francesa que se destina a pouco mais de 4 milhões de habitantes de Bruxelas e da Valónia para um território que não chega a 1/3 de Portugal e sem ilhas... e o serviço público tem 5 rádios e três canais de televisão!
Na Europa comunitária só dois pequenos países não têm televisão pública: o Luxemburgo e Malta!
Os governantes conservadores dos muitos países europeus que dirigiram, nunca se desfizeram das rádios e televisões públicas dos respectivos Estados, como a Espanha, a França, o Reino-Unido, a Alemanha, a Itália, a Grécia e muitos mais...

Os dirigentes portugueses são tão pequeninos, sem qualquer perspectiva e sem orgulho nenhum que nomearam esta comissão (liquidatária da RTP) com os membros escolhidos a dedo pelo Sr. Relvas para terem as propostas que desejavam e que mesmo assim, 10 dos 3 membros demitiram-se antes do fim, por divergências. Esta comissão e o governo de "Apressado Coelho" querem deixar a comunicação social em Portugal (infelizmente não é "só" a comunicação social) ainda em pior do que a relva do estádio na Bósnia...

Não é que querem fundir a RTP África e Internacional num só canal, sob controlo do governo? Não é que querem acabar com um canal de televisão generalista da RTP, de certeza o canal 1? Não é que querem acabar com a entidade reguladora da comunicação social e que as televisões, pública e privadas façam tudo o quizerem, em nome do mercado? É certo sob controlo dos tribunais, mas conhecedo a justiça em Portugal... Não que querem acabar com a Antena 3? Já é uma obsessão, depois da venda, há muitos anos, da Rádio Comercial, até parece que os jovens não podem ter uma rádio pública. Não é que querem acabar com a informação a sério, ao quererem suprimir a RTP Informação (que podia até ser colocada na TDT em vez do cabo) e com os comentários, porque a informação já é dada pelos privados? Não é que querem acabar com a memória da televisão ao quererem acabar com a RTP Memória (que também devia ir para a TDT)?

É inacreditável! Será que que os membros da comissão (e os membros do governo) nunca ouviram a rádio e viram a televisão públicas em Portugal e... no mundo?

TENHO VERGONHA !!!