Público 13.08.2007
A Fretilin ofereceu-se ontem para efectuar uma investigação conjunta com as Nações Unidas sobre as notícias de que simpatizantes seus teriam participado nos últimos dias em actos de violência, incluindo o ataque a uma caravana de veículos da ONU, na sexta-feira.
Num comunicado à imprensa, o vice-presidente daquele partido, o deputado Arsénio Paixão Bano, declarou que o mesmo fará tudo o que puder para determinar os factos e evitar novos incidentes: "Pedimos aos nossos partidários e aos dos outros partidos que, ao exercerem o seu direito de se manifestarem, o façam por meios pacíficos."
Bano alegou que os adversários da Fretilin estão a propagar "falsos rumores" e a exagerar certas notícias de modo a denegrir a imagem da formação detentora da maior bancada parlamentar, mas que na semana passada ficou afastada do Governo.
Entretanto, o presidente do Parlamento, Fernando de Araújo, líder do Partido Democrático, declarou ao PÚBLICO, por telefone, que as autoridades estão a debater com a representação local da ONU a melhor forma de superar a actual situação.
E também disse que tanto ele como o Chefe de Estado, José Ramos-Horta, e o primeiro-ministro Xanana Gusmão solicitaram à direcção da Fretilin que arranje maneira de se acabar com os "desacatos", explicando aos seus apoiantes como é que se devem comportar.
A polícia das Nações Unidas anunciou ter já detido 34 pessoas implicadas nos incidentes dos últimos oito dias no Leste do país, enquanto o grupo Solidarity Observer Mission for East Timor (SOMET), com base nos Estados Unidos, se manifestou "profundamente preocupado com a contínua instabilidade". Ao mesmo tempo que entendia que "os relatos noticiosos e os traumas do passado exageraram as implicações da violência esporádica".
Uma porta-voz da ONU, Alison Cooper, especificou que 21 das detenções foram feitas em Baucau, a segunda cidade timorense, 120 quilómetros a leste de Díli, a capital, tendo havido acusações de bloqueio de estradas, apedrejamentos e queima de pneus. E outras nove em Quelicai, no mesmo distrito: pessoas que tinham armas ilegais e poderiam ter estado implicadas no ataque de sexta-feira à caravana das Nações Unidas.
O comandante das Forças de Defesa, general Taur Matan Ruak, que durante 24 anos lutou no interior contra a ocupação indonésia, deslocou-se nos últimos dias à parte oriental do território, a fim de procurar avaliar a verdadeira dimensão dos distúrbios aí verificados. Jorge Heitor
Xanana, Ramos-Horta e Fernando de Arújo solicitaram à Fretilin que arranje maneira de se acabar com os "desacatos"
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