12 août 2007

Timor-Leste: Violência intensifica-se

Violência intensifica-se em Timor-Leste com ataque a convento e morte de uma criança de 12 anos

12.08.2007, Jorge Heitor

Foi pedido à Malásia, à Indonésia e a Singapura que não deixem fugir o antigo ministro Rogério Lobato, actualmente a ser tratado em Kuala Lumpur

A A situação em Timor-Leste apresentava-se ontem à noite extremamente grave: notícias da EFE e da Reuters, não confirmadas pelas Nações Unidas, davam conta de que uma centena de jovens teria atacado e destruído parte das instalações de um convento no distrito de Baucau.
"Houve luta nas imediações do convento, com armas tradicionais, mas dela só resultaram ferimentos ligeiros", declarou à Antena Um uma porta-voz da polícia da ONU, Kedma Mascarenhas, que não confirmou declarações de um padre salesiano segundo as quais algumas alunas da escola ali existente teriam sido violentadas.
"Condeno esta tragédia, porque ocorreu num lugar sagrado e entre as alunas havia uma de apenas oito anos", disse aquele sacerdote, Basílio Maria Ximenes, que não hesitou em especificar ao correspondente local da agência espanhola EFE que os atacantes seriam da Fretilin, descontentes por o seu partido ter sido remetido para a oposição.
O chefe da polícia de Baucau, 120 quilómetros a leste de Díli, a capital, Pedro Belo, declarou à Reuters que destacara pessoas para investigar o que é que na verdade se teria passado sexta-feira à noite.
Segundo o secretário de Estado do Conselho de Ministros, Hermenegildo Pereira, a primeira vítima mortal conhecida destes últimos dias foi uma criança de 12 anos, que pereceu devido aos desacatos no distrito de Viqueque: "Isto é vergonhoso para um país soberano que professa o cristianismo."
Entretanto, a Missão das Nações Unidas em Timor revelou terem sido detidas 13 pessoas devido ao ataque de que na sexta-feira foi alvo uma caravana de veículos da ONU, alegadamente por pessoas com bandeiras da Fretilin.
O representante da organização, Atul Khare, condenou em termos enérgicos a emboscada armada a três viaturas que circulavam entre Baucau e Viqueque, na parte oriental do território.
E já quinta-feira o Presidente, José Ramos-Horta, dissera no Parlamento que estes actos de violência lhe estão a fazer lembrar os dias sangrentos de 1999, quando a população decidiu em referendo que queria ser independente.
Nessa altura acabaram por morrer 1400 pessoas, tendo grande parte da devastação sido protagonizada por milícias que contavam com apoio indonésio, enquanto agora a violência está a ser sobretudo atribuída às bases da Fretilin, o partido de Mari Alkatiri, o mais votado nas legislativas de Junho.
Noutro campo, a nova ministra da Justiça, Lúcia Lobato, do Partido Social Democrata, pediu à Indonésia, a Singapura e à Malásia que ajudem a seguir o ex-ministro do Interior Rogério Lobato, que, apesar de estar a cumprir pena, foi autorizado a submeter-se a tratamento médico em Kuala Lumpur. O objectivo é garantir que ele volte a Díli.

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