02 août 2007

Carta aos Amigos Timorenses – III

Liège, 2 de Agosto de 2003


Caros Amigos Timorenses,


Mais uma vez venho perturbar a apatia generalizada que reina no estrangeiro e infelizmente agora também em Portugal, no que diz respeito ao que se passa em Timor e, mais uma vez também venho meter-me no que não me diz respeito, pelo menos directamente, ainda por cima como “Malaio” (estrangeiro) talvez sem entender nada da alma timorense, como diria o fugitivo Reinado mas, como tenho um grande amor a Timor e sobretudo aos timorenses e como vivemos em democracia, aqui vai o que me vai na alma.

Quando das eleições para o Parlamento Nacional, tudo bem quanto à presidência mas, tudo mal, quanto às vice-presidências e às presidências das mesas, quando nem um deputado da Fretilin foi eleito, a Aliança para a Maioria Parlamentar mostrou a sua coesão mas, no mau sentido da palavra, provando uma grande falta de democracia. Em nenhum país democrático a oposição fica afastada de todos os lugares responsáveis do Parlamento.

Os Timorensense não se entendem, a democracia que ainda está no berço já precisa de cuidados intensivos e é sem dúvida preferível esperar mais uns dias na formação do novo governo para deixar amadurecer a situação. A Fretilin ao recusar participar no Parlamento talvez até ajude a evitar a violência na rua.

Depois do golpe de estado do ano passado, depois da queda de Alkatiri, depois da fuga do major Reinado (ainda a monte, com ou sem mandato de captura) ainda com milhares de refugiados e agora com a antiga primeira figura do Estado que, dizia até não querer o poder e, que agora até quer continuar mas... como terceira figura do Estado, mesmo se só obteve pouco mais de 20% dos votos e não os 80% esperados, pelo menos é um caso único no mundo
(em França, por exemplo, Chirac antes de ser eleito Presidente foi primeiro-ministro e antes ainda foi ministro, em Portugal sucedeu a mesma coisa com Soares ou com Cavaco Silva, é como se um engenheiro se transformar-se em operário ou um director em secretário ou um ministro em secretário de Estado, enfim como lá diz o ditado... é andar de cavalo para burro!) mas Timor é Timor e tudo é muito complicado mas talvez o major Reinado até tenha razão,
um “malaio” não entende alma timorense...

Enfim, uma boa notícia, Mário Carrascalão, o governador indonésio de Timor afasta-se de um governo da AMP, por muito honesto que possa ser, é impossível esquecer que esteve ao serviço dos opressores indonésios e é um obstáculo a menos para estabelecer um acordo entre a Fretilin e a oposição, vamos ver o que se vai passar com Xanana Gusmão que, ficaria muito melhor na história no lugar do Herói Nacional, que é, do que de um primeiro-ministro, num país quase impossível de governar e que precisa do saber de todos para andar para a frente e não só para dar esmolas.ou pedir ajudas.

Espero que o bom senso ganhe para bem dos timorenses.e de um Timor soberano.


Cordialmente

Fernando Cabrita Moreira/ EntreCais

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