O Presidente da República de Timor-Leste afirmou que não demorou "assim tanto" a indigitar o novo primeiro-ministro e, em entrevista à agência Lusa, insistiu que o processo de consultas ao longo de um mês "poupou tempo".
"Não demorei tanto assim" a anunciar o convite para formação de governo, declarou José Ramos-Horta, entrevistado pela Lusa um dia depois da indigitação de Xanana Gusmão e na véspera da posse do IV Governo Constitucional.
"O tempo que se demorou serviu para efectuar consultas e, afinal, esse processo poupou tempo", adiantou o chefe de Estado.
"Se não tivesse efectuado as consultas, seria acusado de tomar uma decisão apressada", adiantou José Ramos-Horta.
"Não havia tanta pressa porque apesar da crise as nossas instituições funcionaram", defendeu o Presidente.
"Compare a situação com a Guiné-Bissau e outros países aqui na região do Pacífico. Ao contrário, em Timor-Leste nunca houve funcionários com salários em atraso", disse.
"Os partidos pediram tempo", acrescentou o chefe de Estado, que reconheceu que, após quatro semanas de consultas, as lideranças políticas envolvidas "não mexeram um milímetro".
José Ramos-Horta salientou que não poderia ter indigitado o primeiro-ministro antes da primeira reunião do novo Parlamento, que ele pretendia que ocorresse "logo a seguir à validação dos resultados" das legislativas de 30 de Junho.
"Foi um assessor português do Parlamento que me explicou que isso seria impossível e chegaram a falar-me em meados de Agosto como data possível para a primeira reunião do parlamento", explicou José Ramos-Horta.
O Parlamento realizou a primeira sessão a 30 de Julho.
O Presidente da República declarou que o falhanço das negociações para um governo de grande inclusão "fica a crédito da Aliança" para Maioria Parlamentar (AMP), dos quatro maiores partidos da oposição.
"A Fretilin foi mais pragmática", disse Ramos-Horta.
"A Fretilin tem-se portado correctamente comigo", acrescentou o Presidente, que referiu a boa relação que mantém com o secretário-geral do partido maioritário, Mari Alkatiri.
"Ele foi a minha casa, estamos diariamente em contacto telefónico e ele está sempre disponível para me ouvir", explicou José Ramos-Horta.
Também o actual primeiro-ministro, Estanislau da Silva, mereceu elogios do Presidente da República, que referiu "o seu grande sentido de Estado e a grande dignidade" no exercício de funções.
"Em geral", as relações com Estanislau da Silva são mais fáceis do que com a Fretilin, admitiu José Ramos-Horta, "mas não só com ele, também com Ana Pessoa", ministra da Administração Estatal e figura influente do partido maioritário.
"A liderança da Fretilin tem-se portado comigo correctamente. Não tenho recebido senão provas de respeito pelo chefe de Estado", frisou Ramos-Horta.
Sobre as acusações da Fretilin de "golpe de estado constitucional", feitas segunda-feira por Mari Alkatiri, José Ramos-Horta remeteu para o Tribunal de Recurso e para a apreciação da legalidade da indigitação de Xanana Gusmão.
Quanto às "declarações menos delicadas" proferidas por membros da AMP nas últimas semanas, José Ramos-Horta salientou que "se não tivesse sido eleito, agora teriam Francisco Guterres `Lu Olo` na Presidência".
"Transporto uma cruz de pau pesada desde a eleição", afirmou José Ramos-Horta, repetindo uma expressão que usou na sua campanha eleitoral.
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