04 août 2007

Carta aos Amigos Timorenses - VI

Liège (Bélgica), 4 de Agosto de 2007

Caros Amigos Timorenses,

Esta carta acabei de escrever a Ângela Carrascalão, como comentário ao texto “Não, Não vou por aí!” que publicou no http://blogs.publico.pt/timor/ .

Não tenha vergonha de ser timorense, Timor é o fruto dos colonialismos sucessivos (português e indonésio) que não deixaram o povo timorense desenvolver-se normalmente, ora abandonado, ora assistido, até que conseguiu libertar-se pela violência mas claro, sem estar preparado para o poder mas, quem o está? Todos os países foram crescendo com lutas, revoltas, revoluções e Timor não pode ser, infelizmente, excepção!

Tem toda a razão em "não ir por aí", a violência é a arma dos fracos mas, às vezes, é a única forma de vencer, foi assim que Timor chegou à Liberdade mas claro que agora é preciso aprender a viver em Liberdade e isso é obra de todos, sobretudo das elites que vivem, como sabe, muito longe do povo e não só obra do(s) governo(s).

Há coisas que não se podem esquecer, como quem colaborou com a o opressão indonésia ao mais alto nível, mesmo se tenha sido o mais honesto possível e, há coisas que não se devem fazer como agora a AMP, (que defende a democracia) fez, ao ficar com todos os cargos no Parlamento Nacional.

Aprende-se a viver em Democracia e muito, analisando como os outros países a construiram e a vivem, podem evitar-se assim muitos erros mas, será que as elites timorenses o poderão fazer? Quanto tempo irá durar a coesão na AMP? Será que Timor-Leste pode já pôr de lado uma grande parte da elite e da opinião pública, como se já fosse uma Democracia consolidada?

Creio que a violência voltará se as elites continuarem a viver numa torre de marfim esquecendo-se que também há um povo que é pobre e... anda a pé!

Para terminar, volto a lembrar o que o antigo comandante das Forças de Estabilização Internacionais, o brigadeiro-general australiano Mal Rerden, aprendeu com os timorenses:

"Em primeiro lugar, a resiliência dos timorenses, é gente muito, muito dura, com uma grande capacidade de resistência, em circunstâncias diferentes, tanto física como psicologicamente".

"A segunda coisa é a adaptabilidade dos timorenses, a sua versatilidade. Perante uma dada situação, conseguem encontrar uma maneira de contornar, ou passar por cima, ou lidar com uma situação em que a maior parte das pessoas ficaria bloqueada".
"Mesmo no sentido político, são muito flexíveis ".

"A última coisa que também me surpreendeu foi que, sendo pessoas tão pobres e sem privilégios, os timorenses ainda consigam ser felizes e estejam interessados e em condições de participar na vida", acrescentou o comandante australiano.

Cordialmente

Fernando Cabrita Moreira/EntreCais

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