30 juillet 2007

Xanana na iminência de ser convidado por Horta para formar novo governo de Díli

Público, 30.07.2007
Jorge Heitor*

Tudo se prepara em Timor-Leste, para que na quarta-feira, 1 de Agosto, o Presidente da República, José Ramos-Horta, convide o seu antecessor Xanana Gusmão, agora líder do
CNRT e da Aliança com Maioria Parlamentar (AMP), para formar o IV Go-
verno Constitucional. Isto depois do enorme impasse causado pelo resultado pouco concludente das legislativas de 30 de Junho.

Sem esperar mesmo que o chefe de Estado formalize o convite, um porta-voz da AMP, Cecílio Caminho, avançou já na quarta-feira que o novo executivo deverá ter "cerca de 30 membros, entre ministros e secretários de Estado".

Não pormenorizou, contudo, se haverá um ou mais vice-primeiros--ministros, hipótese que durante as últimas semanas viera a ser aventada, para contentar todas as sensibilidades presentes na nova aliança.

Outra coisa que Caminho disse foi que a proposta da AMP para a presidência do Parlamento é o líder do Partido Democrático (PD), Fernando "Lasama" de Araújo, um dos signatários do pacto pós-eleitoral com o CNRT de Xanana. A par dos dirigentes da Associação Social Democrata Timorense (ASDT), Francisco Xavier do Amaral, e do Partido Social Democrata, Mário Viegas Carrascalão.

A sucessão de "Lu Olo"

Entretanto, a Fretilin, partido mais votado, e que sempre tem insistido em que deveria ser convidada a formar o IV Governo (que sucede aos de Mari Alkatiri, Ramos-Horta e Es-
tanislau da Silva), propôs para a presidência do Parlamento o deputado e jurista Aniceto Longuinhos Guterres Lopes.

A antiga força maioritária, que até hoje detinha a liderança parlamentar, na pessoa de Francisco Guterres, "Lu Olo", perdeu uma parte substancial do seu eleitorado durante este último ano, designadamente devido à criação do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor--Leste (CNRT).

Entretanto, noutro desenvolvimento da situação timorense, Alkatiri criticou a deslocação a Díli, dias antes, do primeiro-ministro australiano, John Howard, considerando que foi efectuada sem aviso prévio ao Governo de Estanislau da Silva ou sequer à embaixada timorense em Camberra.

A presença estrangeira

"Temos aqui um grande contingente militar australiano, a nosso pedido, mas esperamos tomar conta dos nossos assuntos internos o mais rápido possível. Toda a presença estrangeira que começa a perpetuar-se cria alguns pequenos conflitos com a população", disse o secretário-geral da Fretilin ao programa em português da Rádio SBS, da Austrália.

Sobre quem deverá chefiar o próximo Governo, Mari Alkatiri reconheceu que a última palavra cabe de facto a Ramos-Horta, actualmente um independente, mas disse esperar que o Presidente "decida com base na Constituição". Entre os observadores políticos da situação timorense, reina agora a sensação de que nada do que se diga com alguns dias de antecedência é irreversível, podendo sempre haver uma mudança de rumo à última hora.

*Com Adelino Gomes

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