04 juillet 2007

Brasil é o novo parceiro estratégico da UE

Sócrates e Lula falam em “momento histórico”

04.07.2007 - 21h53 PUBLICO.PT, , com agências

A União Europeia e o Brasil assinaram hoje um acordo de “parceria estratégica”, uma iniciativa que coloca o maior país da América Latina no mesmo patamar da Rússia, Índia e China nas relações com o velho continente.

Para o primeiro-ministro José Sócrates, anfitrião da cimeira que trouxe o Presidente brasileiro a Lisboa, “a política externa da UE [sai deste encontro] mais enriquecida em profundidade e em coerência”.

José Sócrates, grande impulsionador da iniciativa junto dos seus parceiros europeus, lembrou que a celebração desta parceria era “uma das grandes prioridades” da presidência portuguesa da UE, iniciada no passado domingo.

Já esta tarde, no final da cimeira empresarial que antecedeu as reuniões políticas, o Presidente brasileiro, Lula da Silva, tinha dito que a relação privilegiada que Brasília passará a ter com os 27 retoma “uma associação histórica” entre os dois lados do Atlântico, recordando as vagas de emigração europeia que o país recebeu ao longo dos últimos séculos.

Por seu lado, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, considerou que após esta cimeira "há um novo capítulo que se abre entre a UE e o Brasil", sublinhando que o país é "uma potência cada vez mais relevante no mundo".

Para além do reforço das relações económicas entre os dois lados do Atlântico, a parceria prevê uma aproximação em domínios como a ciência, o ambiente, a educação, e "nas grandes questões globais" como as alterações climáticas e a segurança energética.

Tanto Sócrates como Lula da Silva esperam que a nova parceria impulsione também as relações entre a UE e o Mercosul (mercado comum que integra Brasil, Argentina, Paraguai a Uruguai), apesar das reticências de alguns parceiros latino-americanos. “A parceria estratégica entre a União Europeia e o Brasil, e com certeza entre a UE e o Mercosul, vão permitir que as coisas que funcionam bem continuem bem e as que não funcionam bem sejam aperfeiçoadas”, afirmou Lula da Silva.

Comércio em destaque na cimeira

A parceria foi assinada no final de uma cimeira que trouxe também a Lisboa o alto representante da UE para a Política Externa, Javier Solana, o primeiro-ministro eslovaco, Janez Jansa, próximo presidente do Conselho Europeu, e o comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson.

O comércio foi, aliás, o tema em destaque desta cimeira, com o Presidente brasileiro a mostrar-se que será possível chegar a um acordo no ciclo de Doha, as negociações iniciadas em 2001 pela Organização Mundial do Comércio para pôr fim às barreiras ao comércio livre.

Já depois de ter pedido mais “flexibilidade” aos países ricos – reticentes em deixar cair os subsídios aos agricultores, um dos pontos polémicos das negociações – Lula da Silva admitiu esta noite que “tem algumas cartas na manga” para fazer valer os seus argumentos. Ainda que seja alcançado "um acordo de sonho", Lula espera conseguir um "acordo em que os países mais pobres tenham um pequeno ganho".

No mês passado, a cimeira de Postdam terminou em fracasso, depois da Índia e o Brasil se terem afastado das negociações, face à recusa da UE e dos EUA em eliminar as barreiras à importação de produtos agrícolas, enquanto estes querem que os No final da cimeira, Sócrates, Lula da Silva e Durão Barroso deslocaram-se ao Centro Cultural de Belém, para um jantar oferecido pelo Presidente da República, que conta ainda com a presença do Presidente francês, Nikolas Sarkozy e os primeiro-ministros de Itália, Holanda e Espanha.

Aucun commentaire: