A escritora portuguesa Lídia Jorge disse à agência Lusa que, apesar de o governo brasileiro querer minorar o facto de ter sido Portugal a propor uma parceria estratégica da União Europeia com o Brasil, a iniciativa será reconhecida pela população.
«O governo do Brasil poderá querer minorar o facto de entrar através do primo pobre, mas penso que as populações lêem mais fundo do que isto e percebem que será uma coisa boa», afirmou a escritora em entrevista exclusiva à Lusa.
Segundo Lídia Jorge, a iniciativa portuguesa de propor uma elevação do diálogo político entre o país e o bloco europeu, a ser formalizado quarta-feira, durante a primeira cimeira Brasil-UE, poderá não ser reconhecida num primeiro momento, «mas depois terá de ser».
«Portugal não tem tanta força no plano internacional quanto outros países, e é natural que o governo brasileiro acabe por querer apagar um pouco a perspectiva portuguesa. Mas, mesmo que este jogo seja feito, acho que no fundo se percebe que Portugal teve uma palavra decisiva», observou.
A escritora espera, entretanto, que a parceria estratégica do bloco europeu com Brasil «não seja dilacerante em relação ao Mercosul».
«Ao contrário - argumentou -, penso que captar o Brasil para um entendimento pode ser um acto pioneiro para toda a América Latina. O Brasil ocupa um espaço muito forte dentro da América do Sul e nas aproximações há etapas».
Lídia Jorge participou domingo à noite, em Brasília, num debate sobre o filme da realizadora portuguesa Margarida Cardoso, baseado no seu romance «A Costa dos Murmúrios», com a guerra colonial em Moçambique como pano de fundo.
O livro, cuja edição brasileira foi apresentada em Brasília em sessão de autógrafos, é descrito pela autora como o seu «baptizado de mulher adulta».
O evento fez parte de uma série de iniciativas culturais que estão a ser promovidas pela embaixada de Portugal do Brasil para assinalar a Presidência Portuguesa da União Europeia.
Hoje realiza-se no Teatro Nacional, em Brasília, um concerto europeu oferecido pela Presidência Portuguesa da UE à população da capital federal.
Com a apresentação da Orquestra Sinfónica, o concerto será dirigido pelo maestro Ira Levin, tendo colaboração do violinista Cláudio Cruz.
O concerto abrirá com o Hino da Europa e apresentará peças de compositores originários de vários países europeus.
No programa será apresentada, em primeira audição no Brasil, o «Staccato Brilliante», do compositor português Joly Braga Santos.
As iniciativas culturais e académicas levadas a cabo em Brasília pela embaixada de Portugal, por ocasião da Presidência Portuguesa da UE, são anunciadas por um zeppelin que flutua sobre os edifícios onde os eventos decorrem.
Diário Digital / Lusa
03-07-2007 16:10:00
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