04 juillet 2007

Xanana Gusmão: «Não é uma derrota pessoal»

Xanana Gusmão: «Não é uma derrota pessoal»
O líder do CNRT reage, em primeira mão, aos resultados das legislativas

Para Xanana Gusmão, o segundo lugar do CNRT, nas legislativas timorenses, «não é uma derrota pessoal», afirmou, num curto encontro com a VISÃO, na sede do seu partido, na noite de terça-feira, 3. A essas horas, ainda tinha uma esperança muito reduzida de apanhar a liderança da Fretilin na contagem dos votos. Mas, no íntimo, sabia que tal era já altamente improvável e que lhe restava assumir um discurso optimista.

«É um bom resultado, em termos de processo democrático», adiantou. «Vai haver mais equilíbrio no Parlamento, sem margem para nenhum partido impor as suas manhas.»

O líder do CNRT declarara, antes das eleições, que esperava alcançar a maioria absoluta: «Só tenho medo de ganhar com 80 por cento, porque afectaria, de certa forma, a democracia. Não perco.» Agora que perdeu, Xanana Gusmão justifica aquela declaração com «o calor da campanha» e diz que o cenário actual «é muito diferente» das presidenciais, há cinco anos, altura em que obteve um resultado esmagador. «O Presidente da República representa a unidade nacional, agora sou mais um [candidato] entre muitos.»

Segundo Xanana Gusmão, que deixou o Palácio das Cinzas para formar, em Março último, para fundar o CNRT, o resultado destas legislativas «não afronta em nada a sensibilidade do partido, na medida em que se trata de um partido novo», disse. «Viemos para provocar mudanças e reformas e vamos fazê-lo com qualquer um... sem problemas.»

Xanana Gusmão admite que pondera um entendimento com outros partidos da oposição - «acho que estão todos a pensar no mesmo, incluindo a Fretilin» -, mas não abre o livro em relação à possibilidade de uma aliança com a ASDT/PSD e PD, com vista a uma alternativa de poder a apresentar ao Presidente da República: «Não me posso pronunciar sobre coligações – isto tudo está a gerar muita ginástica na cabeça de todos.»

Em todo o caso, o líder do CNRT vai avisando que não aprovará facilmente um programa de um governo da Fretilin: «Exigimos uma mudança no sistema governativo... essa é a minha resposta.» E adverte para o perigo de o partido no poder persistir na governação com um Parlamento hostil: «Nesse caso, vai abrir uma crise política.»

Sobre a postura do CNRT num cenário de ingovernabilidade, apenas responde: «Na altura própria, responderemos a isso.»

Visão 04.07.2007

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