05 juillet 2007

Xanana Gusmão poderá liderar coligação em Díli

ARMANDO RAFAEL

Diário de Notícias 05.07.2007

Em Timor-Leste, há uma pergunta que continua sem resposta, seis dias depois de os eleitores terem ido às urnas para escolherem os 65 deputados do novo Parlamento do país: quem será o próximo primeiro-ministro?

A Fretilin, que tem governado o país com maioria absoluta desde a independência, em 2002, deverá ser hoje proclamada como vencedora destas legislativas, mas é quase certo que só muito dificilmente conseguirá formar governo.

Pelo menos, a avaliar pelas posições expressas pelo Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, pela coligação formada pelo Partido Social-Democrata (PSD) e pela Associação Social-Democrática Timorense (ASDT), ou pelo Partido Democrático (PD), que já excluíram qualquer entendimento com a formação de Mari Alkatiri.

Resta saber o que pensa o próprio Alkatiri e o que o Presidente Ramos-Horta tenciona fazer.

Numa entrevista ao Expresso online, o sucessor de Xanana na Presidência da República voltou ontem a apelar à constituição de um governo de unidade nacional, dando a entender que esse executivo poderia englobar elementos de todos os partidos.

Incluindo a própria Fretilin. O que, à partida, pressuporia um acordo entre os dois maiores partidos timorenses e, mais do isso, um entendimento entre Alkitiri e Gusmão, cenário que, neste momento, não parece muito credível.

Razão pela qual alguns observadores políticos timorenses tendem a apostar num governo formado pela CNRT, pela coligação PSD/ASDT e, eventualmente, pelo PD, aos quais se poderiam juntar os recém-criados Undertim e Partido da Unidade Nacional (PUM), liderados por duas personalidades que são tidas como muito próximas de Xanana Gusmão: o ex-guerrilheiro Cornélio Gama (L7) e a ex-ministro das Finanças, Fernanda Borges, respectivamente.

Falta saber se a Undertim consegue ultrapassar a barreira dos três por cento dos votos para poder estar representada no Parlamento, à semelhança do que sucede com a aliança entre o partido KOTA/PPT, e que o PUM já parece ter assegurado.

Neste quadro, Xanana Gusmão poderia ser o próximo primeiro-ministro e Mário Carrascalão, que lidera a coligação PSD/ASDT, sucederia a Francisco Guterres (Lu-Olo) como presidente do Parlamento.

Só que Mário Carrascalão, que já tinha condicionado um eventual acordo com o CNRT ou com o PD à prévia aceitação do programa social da sua coligação, voltou ontem a elevar a fasquia das suas exigências, acusando o partido de Xanana Gusmão de não ter tirado o número de votos suficientes à Fretilin. "Desse ponto de vista, foi uma traição política", declarou o antigo governador de Timor nomeado pela Indonésia. "O CNRT tirou votos aos potenciais aliados e não à Fretilin, como pretendia", acrescentou, disparando também contra o PD: "Está a ter um comportamento dúbio e já começou a envolver-se em jogadas."|

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