17 novembre 2013

REFUGIADOS

Crónica Fernandina de 15/11/2013
                        
Não, não me esqueci que também já fui refugiado  no fim dos anos sessenta, felizmente que não
tive de atravessar nem oceanos ou mares em barcos superlotados, nem desertos ou montanhas a pé,
bastou-me um passaporte válido por um ano e uma certidão militar por um mês e só para Espanha,
não tive de atravessar fronteiras a salto, nem os Perinéus a pé, foi comodamente de comboio via
Madrid, Irún/Hendaye e Paris até Bruxelas, onde tinha um colega e amigo que partiu no dia da
minha chegada, 7 de julho de 1969 para Roma, nem nos cruzamos... mas fiz outros amigos, alguns 
dos quais perduram até hoje e que, na altura, muito me ajudaram
.
Fiquei na Bélgica até que a guerra colonial portuguesa em África acabasse e depois também,
até hoje! Não tive grandes dificuldades à parte as muitas saudades, sobretudo nos 5 anos em que
não pude voltar a Portugal. Para sobreviver tive pequenos empregos, primeiro na hotelaria e depois
como motorista de praça para pagar os meus estudos de cinema, a integração na sociedade veio
progressivamente mas sem nunca esquecer o país que me viu nascer... bem pelo contrário!                           
Como compreendo os que hoje querem fugir à violencia, às guerras e à pobreza.

Há 8 dias vi na France 2 uma reportagem muito emocionante sobre os refugiados de Lampedusa,
pelo menos os que lá conseguiram chegar e depois partir para uma pequena cidade do sul de Itália 
que os acolhe de braços abertos para a ajudarem a renascer da decadência, porque lá quase que só
restam pessoas idosas. Este acolhimento difere muito do racismo que alastra perigosamente pela
Itália e também pela Europa fora.

Felizmente que a solidariedade ainda não está completamente esquecida!

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